Fica evidente que pregar o Evangelho – e com criatividade – normalmente parece mais difícil. Por ser imutável, fixo, parece familiar demais – um sério candidato a ser um clichê e entediar os ouvintes com mesmice e frustrar o pregador. É muito fácil o pregador, tendo desenvolvido dois ou três modos de apresentar o Evangelho, acostumar-se a eles. E aí, rotineiramente, a certa altura do sermão, “ele aciona um botão imaginário e lá surge o que pode soar como uma fórmula de Evangelho pré-gravada”[i] (djj)
[i] Rossow, Unitentional Gospel-Omissions in Our Preaching, Concordia Journal v. 5, nº 1, 1979, 8-12. Esta situação talvez ajude a explicar – não justificar! – porque muitos sermões parecem mais más-novas do que Boas-Novas. A presença de dor, pecado e diabo é mais marcante do que a presença da graça de Deus (veja Motl, James R. Homiletics and Integrating the Seminary Curriculum. Worship, v. 64, nº1, janeiro de 1990, pp, 24-30). O pregador faz bem em constantemente revisar o clássico de C.F.W.Walther, Lei e Evangelho (Porto Alegre: Concordia, 1977; preferencialmente o texto integral em inglês, The Proper Distinction Between Law and Gospel, 14º impressão. Saint Louis: Concordia, 1986). Dois estudos contemporâneos úteis são: Stuempfle, Herman G. Preaching Law and Gospel. Philadelphia: Fortress Press, 1978; Lischer, Richard, A Theology of Preaching: The Dynamics of the Gospel. Nashville: Abingdon, 1981.