> Introdução: seu propósito

Pregação trechos

A introdução indica o propósito da pregação. Pode ser vista como uma ponte que permite a passagem do ouvinte da sua realidade para o “lugar” que é objeto do sermão.  Essa transição entre esses dois mundos facilita o interesse do ouvinte em escutar a mensagem.  (Já a conclusão oferece oportunidade para o caminho inverso: o ouvinte retornar ao seu local de origem e aplicar a Palavra de Deus para a sua vida.)

A introdução serve, dessa forma, para ajustar a atenção do ouvinte ao conteúdo a ser desenvolvido na pregação.  A intenção da mensagem deve ficar clara logo no início, para que o ouvinte esteja ciente do que esperar e no que se focar.  Se isso não acontece, entra em cena o que relata uma anedota muito repetida por homiletas e pregadores norte-americanos:

Conta-se que o Presidente dos Estados Unidos, Calvin Coolidge (1872-1933) voltou da Igreja para casa em um domingo de manhã, a sua esposa lhe perguntou:

– Sobre o que o pregador falou?

Coolidge respondeu:

– Sobre “pecado”.

– Mas o que ele disse sobre ele? – insistiu a sua esposa.

O presidente Coolidge finalmente murmurou:

– Eu acho que ele era contra o pecado…

Os riscos da obviedade

Reduzido aos seus elementos essenciais, o sermão tem as três fases clássicas: introdução, desenvolvimento e conclusão.  Nota-se, portanto, que as introduções (e conclusões) são um ingrediente necessário de qualquer sermão (como de qualquer notícia, reportagem, redação, romance, filme). 

Parece óbvio demais que todo o sermão deve ter uma abertura e um fechamento.  É óbvio, sim.  Mas esta obviedade pode levar o pregador o não dar o devido cuidado ao seu planejamento e elaboração.  Ele pode, por exemplo, dar muito mais atenção à conclusão do que à introdução, julgando que esta não é tão importante assim; é um adendo apenas, ou vice-versa.  Quem sabe algumas palavras de saudação e o sermão está pronto para entrar em momento de fato “importante”: o corpo, o desenvolvimento.  Ou uma frase ou duas para recapitular o conteúdo do sermão e a conclusão está feita.  O foco deve estar no desenvolvimento.

Outra situação em que a obviedade das introduções pode afetar o sermão tem a ver com a previsibilidade ou a falta de variedade.  Ouvintes regulares de um pregador tendem a diminuir o nível da sua atenção se as aberturas dos sermões tendem a seguir uma mesma fórmula.  “Eu já ouvi isso tantas vezes!…” é o sentimento que levanta barreiras logo no início – ou no final. (djj)