>> Livro 32: A arte de pregar

Imagem

O livro A Arte de Pregar, de Robson Marinho, está em sua segunda edição, revista a ampliada. Foi artedepregar_gpublicado pela Vida Nova em 2008 e tem como subtítulo “Como alcançar o ouvinte pós-moderno”.

No prefácio da segunda edição, o autor afirma que “o pregador não pode mais se acomodar
e buscar no arquivo um sermão que fez sucesso há cinco ou dez anos, esperando que esse sermão cause hoje o mesmo impacto que causou no passado.” Seu ponto é: como a maneira de as pessoas verem a Bíblia muda, isto exige uma mudança na forma de comunicação. Assim, como fica evidente no subtítulo, o livro tem um foco em como alcançar os ouvintes modernos, pós-modernos.

O livro acompanhado de um DVD com o curso “7 fatores da pregação relevante”, que trata sobre a sintonia com o ouvinte, comunicação clara, estrutura unificada, ilustrações realistas, introdução criativa e conclusão prática.

ISBN: 978-85-275-0391-4

> O poder das histórias

Pregação blogue dito 03

“A história da salvação diz mais do que qualquer de nossos sábios analíticos podem dizer.  A história da Boa-Nova fala mais fundo ao coração do que qualquer um dos nossos princípios teologicos.”

(Daniel Buttry em First-Person Preaching, 1998, pág. 15)

> Livro 29: Pregação que conecta

Dica de leitura 03

Qualquer mensageiro de Deus tem o desejo e a vontade de que a sua mensagem se conecte com o seu destinatário.  Certamente o pastor, o pregador, vive este desejo de forma ampliada, pois ele é a pessoa que exerce de forma especial a ação de veicular a voz de Deus que está na BíbliaImagem.  Semana após semana ele libera a voz de Deus em estudos, palestras, sermões, etc. de uma igreja.  Uma série de fatores interferem neste processo de comunicação, ampliando ou diminuindo a eficácia do processo.  O desafio é munir-se de recursos que maximizem a comunicação.

Ao longo da história da pregação (ou homilética), muitas técnicas foram desenvolvidas para auxiliar o pregador nesta tarefa.  Várias deles têm origem na retórica grega e romana, de muitos séculos atrás.  O livro Preaching that Connects (Pregação que conecta) procura mostrar como técnicas do jornalismo podem ser úteis ao pregador em sua tarefa.  O livro foi escrito pelos norte-americanos Mark Galli e Craig Brian Larson e publicado em 1994 pela editora Zondervan.  Tem 160 páginas.

O livro foi escrito em um estilo simples e direto.  O objetivo primeiro dos autores não foi o de teorizar os assuntos apresentados, mas de oferecer sugestões e exemplos práticos de como o pregador pode utilizar elementos do jornalismo em suas pregações.

Estes são alguns dos 12 capítulos: Como ser mais criativo (2); Introduções que encontram ouvintes (3); Estruturando o seu sermão para o máximo efeito (4); Como contar uma boa história (7); Usando palavras que inspiram (9).

Preaching That Connects é para todos aqueles que procuram honrar sua obra de comunicar eficazmente a verdade do Evangelho” (contracapa).

> Formas de comunicar a “antiga” mensagem

Pregação trechos

A variedade no texto das Escrituras aponta para a liberdade que o pregador tem de diversificar os formatos e estilos que usa para proclamar a Boa-nova.  O pregador pode escolher a forma mais apropriada para apresentar um aspecto diferente da mensagem bíblica.  Por isso, tomar consciência da existência de formas alternativas pode sensibilizar o pregador a considerar novas opções.  O pregador de hoje precisa estar constantemente atento para novas maneiras de compartilhar a antiga história – que é sempre nova.

Considerando a grande variedade de formas pelas  quais Deus fala na Bíblia,  Gerard Knoche diz que é surpreendente como existem pregadores “casados” com um modelo de esboço com três pontos (ou “partes”) e um poema (ou uma “ilustração”).  A perspectiva de “ganhar o interesse da congregação ou apresentar um testemunho mais pessoal – ou até para tornar o meio a mensagem – variedade na forma do sermão… parece ser ‘um caminho não percorrido’ na maioria dos púlpitos.”*

*  Knoche, Gerard H. The Creative Task – Writing the Sermon. Saint Louis: Concordia, 1977, p. 29

> Livro 28: Teologia e Pregação

Dica de leitura 03

Neste post, aprecio rapidamente o livro Preaching is believing – The Sermon as Theological Reflection  (Pregar é crer – O sermão como uma reflexão teológica).  O autor é Ronald J. Allen e foi publicado WJK em 2002.  Tem 162 páginas.

O propósito de Allen é incImagementivar os pregadores a prestarem uma atenção maior à Teologia Sistemática na preparação de seus sermões.  (De certa forma, este objetivo do livro parece ser redundante, já que todo sermão é “sistemático”, “doutrinário”, se bíblico.  Todavia, o que ele quer incentivar, em síntese, são sermões que, de forma explícita, lidem mais ou melhor com temas considerados sistemáticos – por exemplo, Batismo, Santa Ceia, Santificação.)

O “conteúdo” do livro deixa bem claro o foco do autor.  São seis capítulos que colocam uma fundamentação teórico-prática sobre o “sermão sistemático”.  Por exemplo: Por que a Igreja precisa de Teologia Sistemática hoje?; O sermão como uma forma de Teologia Sistemática; Tornando a Teologia viva em um sermão.

O último Capítulo traz uma série de sermões que tem como objetivo exemplificar a tese do autor.  Logo após, ele coloca um apêndice sobre “relacionamentos entre famílias teológicas históricas e contemporâneas”.

> Livro 27: O contexto da pregação

Dica de leitura 03

A série “Elements of Preaching” possui atualmente oito volumes (veja o link no final do post).  Um deles é o livro Knowing the Context (Conhecendo o contexto), de James R. Nieman.  Foi publicado em 2008 pela Fortress Press, dos Estados Unidos.  Tem 94 páginas.

Como fica evidente no título, Nieman foca a questão do contexto na pregação.  A proclamação nunca acontece em um vácuo, mas dentro de “ambiente” (melhor seria dizer vários “ambientes”).  E isto imagescostuma ser uma tarefa árdua para o pregador.

Knowing the Context é uma importante ferramenta para que o pregador desenvolva sua habilidade de “conhecer” o contexto e fazer com que ele seja evidente na exposição e aplicação do texto bíblico.  Além de teórico, ele oferece uma grande variedade de orientações práticas.

O livro possui cinco capítulos.  O Capítulo 1 fundamenta a questão do contexto na pregação.  O Capítulo 2 lida com o que o autor chama de “molduras” para abordar diferentes contextos. Uma das ênfases é que o contexto precisa ser identificado, porém não isolado.  A partir do Capítulo 3 o autor foca especialmente o ensino prático sobre o tema, indicando “ferramentas” para explorar contextos.  No Capítulo 4, ele aborda os “sinais” para interpretar os contextos.  E no último Capítulo ele desenvolve o que chama de “pregação contextual”, o que é e como deveria acontecer.

Link para a série: http://store.augsburgfortress.org/store/productfamily/109/Elements-of-Preaching-series

> Livro 26: A pregação e a moral

Dica de leitura 03

Existem sermões “éticos”?  David P. Gushee e Robert H. Long dizem que sim.  Eles são os autores do livro A Bolder Pulpit – Reclaiming the Moral Dimension of Preaching (em tradução livre: Um púlpito corajoso – Reivindicando a dimensão moral da pregação.  Foi publicado em em 1998 pela editora Judson Press, dos Estados Unidos.  Tem 204 páginas.

O termo “éticImagemo” se refere ao conteúdo do sermão, assim como se fala em sermão “evangelístico” ou “doutrinário”.  O propósito dos autores é assistir pregadores na preparação de sermões relacionados com a moral cristã, ou seja, a dimensão ética da mensagem cristã.  Eles justificam o livro dizendo que muito poucos pastores lidam adequadamente com a vida da Igreja, e que isto colabora com a péssima nutrição da igreja contemporânea e a erosão da autêntica moral cristã.

O livro tem dois blocos distintos.  No primeiro, com três capítulos, os autores discutem o que chamam de “método”.  É uma fundamentação teórica sobre a questão do “vácuo” moral na pregação contemporânea e de como ele pode ser revertido.  A proposta é que a Igreja tenha “pregadores de ética” e “pregação de ética”.

A segunda parte, e mais extensa, traz uma série de 18 exemplos de sermões que focam especialmente questões éticas.  Os autores procuram focar implicações morais de um de bíblico.  Alguns dos títulos: “A santidade da vida humana”; “A vocação do pai cristão”; “Sobre o isolamento do meio social”; “Relações raciais: uma perspectiva bíblica”; “Por que ser bom?”

> Livro 25: O pregador revivido

Dica de leitura 03

The Fully Alive Preacher (literalmente “O pregador totalmente vivo”) é, com certeza, um título sugestivo.  O subtítulo ajuda a explicar o “vivo”: Recovering from Homiletical Burnout (“Recuperando-se do estresse homilético”).  A ideia do termo “burnout” é “acabado”, “esgotado”.

Seu autor é Mike Graves, professor de Homilética e Litúrgica em uma faculdade batista dos EUA.  O livro foi publicado em 2006 pela Westminster John Knox Press.  Tem 178 páginas.

Imagem“Pregar com alegria”: esta é a expressão-chave do livro.  O autor parte do pressuposto que a pregação intensiva, pode, ao longo do tempo, levar o pregador a um “sombreamento do espírito”.  Não raras vezes algum pregador levanta às duras penas no domingo de manhã para dirigir o culto e pregar; melhor seria continuar dormindo.  Ele pergunta em certo trecho: “Se a pregação tem o objetivo de avivar a Igreja, por que ela está acabando com tantos pregadores?”

E qual a solução, se existe?  Mais habilidades?  Mais cursos sobre pregação?  Mais leituras de livros sobre homilética?  Não.  O que um pregador assim precisa é mais alma, mais vida.

O livro é, sim, um manual homilético, embora seu objetivo vá além de abordar as técnicas às vezes frias que regem a pregação clássica.  Mas onde está esta “vida”?  É o que Graves deseja responder.  As respostas vêm acompanhadas, ou seguidas, de abordagens tradicionais (e algumas nem tanto) da homilética.

Para chegar ao seu objetivo, o autor faz dois “convites”.  O primeiro é um convite para que o pregar reflita sobre o seu relacionamento com a pregação – alegrias, ansiedades, frustrações, tédio.  O segundo convite é para que o pregador repense a sua abordagem dos pequenos prazeres da vida – como é dito na “apresentação”: convites para caminhar, tirar uma soneca, ler, jogar e comer sobremesa. 

Graves detalha os “convites” em quatro grandes blocos:  a) Estudando as Escrituras; b) Fazendo uma tempestade de ideias; c) Criando uma sequencia; d) Dando vida ao sermão.  Cada bloco tem várias seções, que são concluídas com uma série de perguntas para reflexão pessoal.

Ao longo do livro, o autor também apresenta uma série de sugestões de atividades que o pregador pode realizar como formas de “avivar” a sua visão e disposição em relação à pregação. 

> O que você vê?

Pregação trechos

Um exemplo para concluir este Capítulo: uma das mais belas e significativas amostras  do uso da imaginação  a serviço da comunicação de Deus está na própria Bíblia, no livro do profeta Amós. O exemplo de Amós mostra a importância de você, pregador, observar a realidade que está ao seu redor e dela retirar recursos criativos para os seus sermões.

O profeta Amós tem uma série de visões. A certa altura,  ele tem a visão do prumo. Deus estava perto de um muro construído direito e tinha um prumo na mão. Ele então pergunta:

– Amós, o que é que você está vendo?
– Um prumo – ele respondeu. Então Deus disse ao profeta:
– Eu vou mostrar que o meu povo não anda direito: é como um muro torto, construído  fora de prumo…

Depois, Amós tem outra visão. Deus pergunta:
Amós, o que é que você está vendo? Ele respondeu:
– Uma cesta cheia de frutas maduras! Então Deus disse:
– Chegou o fim para o povo de Israel, que está maduro,  pronto para ser ar- rancado como uma fruta madura…  (Amós 7.8;8.2,  NTLH)

Veja: Um prumo e uma cesta de frutas maduras. Coisas simples, elementos do cotidiano que, a princípio, não possuem outro significado além do convencionado. Mas de repente elas passam a ter outro significado. Através do recurso da imaginação,  elas se tornam  recursos estupendos para revelar a vontade de Deus e para comunicar a Palavra divina.

Por isso, pregador, o que você vê? Raios explodindo num céu negro? O que dizem para você? Folhas secas esparramadas pelo chão no outono?  O que elas sugerem para você? Uma criança imaginativamente brincando de ser motorista? O que ela mostra para você sobre a imaginação?

O que você vê, pregador? Treine a sua  observação:  Olhe atenta  e imaginativamente  ao seu redor e repare os fatos, as imagens,  os sons,  os cheiros – o que você pode utilizar  para encarnar  a voz de Deus, ir ao encontro  dos seus ouvintes, dar vida nova à sua pregação?

> Livro 18: Os ventos da pregação

Dica de leitura 03

NOTA: Este post acerca do livro Choosing to Preach (“Escolhendo pregar” – veja os dados bibliográficos no final do post) é bem mais extenso do que o habitual deste blogue.  Na verdade, trata-se de uma síntese que foi incluída no meu livro Pregação Criativa (capítulo 3).  Para se ter uma noção mais adequada da ideia do autor é preciso um espaço maior.

Kenton C. Anderson é um dos expoentes atuais da homilética norte-americana.  Uma das suasImagem preocupações tem sido o mapeamento das tendências homiléticas mais modernas e a sua aplicação no cotidiano do pregador.

Em um dos seus artigos[i], Anderson apresenta de forma sucinta e em termos gerais as tendências homiléticas atuais, especialmente em termos de conteúdo.  Faz uso, para isso, da analogia de um mapa.  Assim como um mapa atualizado é muito mais seguro e útil do que um antigo,  mesmo que ambos descrevam a mesma área geográfica, também para a pregação há necessidade, segundo Anderson, de um mapa homilético para os dias atuais. .[ii] 

Anderson sugere que, assim como um mapa de um país, o mapa da pregação pode fazer uso dos pontos cardeais – Norte e Sul, Leste e Oeste.  Esses pontos oferecem uma visão geral dos quatro principais territórios homiléticos existentes.  No Leste e no Oeste estão dois polos homiléticos: o processo dedutivo e o processo indutivo.  Eles têm a ver sobre a origem da pregação e a sua finalidade.  O sermão dedutivo tem o objetivo de levar o ouvinte a se submeter em fé a um Deus transcendente que se revela, cuja  revelação é a verdade suprema.  Já o sermão indutivo está preocupado com soluções; seu objetivo é ajudar o ouvinte a encontrar caminhos divinos para resolver problemas do cotidiano e a responder a necessidades particulares.

Os pontos Norte e Sul são, respectivamente, cognição e afeição.  Eles determinaram  como o sermão será estruturado para alcançar o seu objetivo.  O sermão cognitivo procura explicar os conceitos e ideias através da razão e da lógica, a fim de que o ouvinte chegue a um determinado nível de compreensão.  Já o sermão afetivo quer levar o ouvinte a uma experiência a respeito do conteúdo que é oferecido pela mensagem.

O objetivo principal na terra dos sermões cognitivos e dedutivos é a  proclamação.  O pregador leva o ouvinte a escutar e a se submeter à vontade de Deus em sua vida de fé.  A chave para esses tipos de sermões é a instrução na vontade de Deus.

Já os sermões afetivos e indutivos têm como foco principal a persuasão.  O pregador usa  narrativas, imagens e outros recursos persuasivos para levar o ouvinte a uma vida de submissão a Deus.  O fator crítico desses sermões é a motivação para inspirar os ouvintes a resolver seus problemas.  Embora todo pregador sempre esteja preocupado coma proclamação, instrução, persuasão e motivação, cada sermão terá um foco diferente, dependendo de onde se localiza (“habita”) no território homilético.

As pessoas tendem a habitar em territórios onde se sentem melhor.  Ouvintes que apreciam histórias tendem a viver em territórios indutivos e afetivos.  Mas eles também podem viver em outro território por razões teológicas.  É o caso daqueles que julgam que a submissão a Deus pela fé é um valor maior do que a busca de soluções para seus problemas cotidianos.  Outros habitam em algum território por simples hábito, porque foram criados nele.  Como o mapa homilético é feito de modelos, as fronteiras não estão fechadas.  O pregador ou o ouvinte pode residir em um território, mas também se sentir confortável no outro lado da fronteira.

Segundo Anderson, na terra dos sermões DedCog (Dedutivo-Cognitivo) residem os sermões declarativos.  Eles são utilizados por pastores que valorizam abordagens tradicionais na exegese bíblica.  Os pregadores e ouvintes desses sermões não querem “perder tempo” contando e ouvindo muitas histórias.  Os Dedcogianos são observadores e pensadores.

Já no território CogInd (Cognitivo-Indutivo) se encontram os sermões pragmáticos.  Através do texto bíblico, eles procuram resolver os problemas dos ouvintes.  Os Cogindianos são fazedores e pensadores.

Na terra dos pregadores IndAfe (Indutivo-Afetivo) moram os sermões narrativos.  Os pregadores  atuam como contadores de histórias.  Os Indafianos são fazedores e “sentidores”.  Já na terra dos sermões AfeDed (Afetivo-Dedutivo), os pregadores costumam pregar sermões visionários.  Tendo como inspiração os artistas, eles “pintam quadros” para motivar seus ouvintes a responder à verdade.  Os Afededianos são observadores e “sentidores”. 

Como nos territórios reais, as pessoas que vivem nos territórios homiléticos podem ser bairristas.  Os Indafianos, por exemplo, podem se sentir superiores – ou inferiores – aos Decogianos.  Mas um território não anula a existência do outro. Ao contrário  coexistem como vizinhos e não disputam o mesmo território.  Além disso, as fronteiras estão abertas.  Com certeza, a pregação cristã deve encorajar os ouvintes a se submeterem à vontade de Deus.  Mas isso não significa que a Palavra de Deus não tenha nada a dizer em relação aos problemas humanos.  De igual forma, segundo Anderson, seria tão válido explicar como experimentar a verdade da Palavra de Deus.  O fato é que um bom sermão é aquele que comunica a Palavra de Deus, de modo relevante, para ouvintes de diferentes territórios.

A partir dessa fundamentação inicial, Anderson aponta para quatro  estruturas básicas de sermões (além de uma quinta, como veremos), das quais podem derivar várias outras.  A seguir, apresento uma síntese de cada uma delas.[iii]

 1. O Sermão Declarativo

É composto de argumentos.  Como um advogado que defende uma causa, o pregador apresenta os fatos de forma ordenada e da maneira mais convincente possível.  Essa estrutura dominou boa parte dos modelos homiléticos no século 20 (e ainda domina em muitos círculos religiosos, especialmente os mais tradicionais).

Esse tipo de sermão é dedutivo em sua orientação, sendo antes uma apresentação de ideias prontas pelo pregador do que a descoberta delas pelos ouvintes.  Ele é mais cognitivo em sua forma, já que seu apelo é mais lógico do que emocional.  Ele surge, segundo Anderson,

 da ideia de que o ouvinte escuta o sermão assim como ele é apresentado.  Esse tipo de sermão é aceito como sendo uma palavra da parte de Deus que todos devem obedecer.  Ele tem apelo para os ouvintes que apreciam argumentos e respeitam a verdade objetiva.  Pregar um sermão declarativo significa instruir os ouvintes no caminho em que devem andar.  A principal preocupação é que o sermão seja claro, pois a mensagem precisa ser compreendida.  Se a mensagem é vista como lógica e verdadeira, ela será inerentemente persuasiva. Abordagens criativas para a apresentação não são estritamente necessárias.  O Espírito Santo irá operar poderosamente para aplicar a verdade assim como ela é oferecida.[iv]

 O Sermão Declarativo tem uma estrutura relativamente simples.  Após a introdução, o tema é desenvolvido por meio de múltiplos pontos até o desfecho ou conclusão.  Os pontos do sermão são as razões ou premissas que, combinadas, devem produzir uma sólida argumentação.  Tais  pontos podem ser ilustrados e devem ser aplicados.  O fluxo dos vários elementos da estrutura é determinado por transições.

Devido à natureza dessa estrutura, o pregador costuma escrever todo o sermão.  Alguns utilizam o manuscrito no púlpito , enquanto outros preferem usar apenas algumas anotações.  Poucos se arriscam a pregar livremente.

2. O Sermão Pragmático

A  estrutura pragmática de sermão começou a popularizar-se,  nos Estados Unidos,  nas últimas décadas do século 20.  Neste modelo, a pregação  segue os passos de um detetive que tenciona resolver um caso policial ou descobrir um mistério:  “Como um detetive, o pregador pragmático atua para decifrar mistérios para os ouvintes.”[v]  O sermão começa com uma necessidade do ouvinte, conduzindo-o para uma solução. A mensagem ganha um caráter indutivo, a saber, começa com informações isoladas em busca de um sentido geral.  São comuns, na pregação pragmática,  temas como desemprego, problemas de relacionamento, incertezas espirituais, entre outros.  Os sermões podem ter títulos como “5 maneiras de…”, ou “7 leis espirituais para…” ou “Como ter sucesso na vida espiritual”.  A estrutura  como no sermão declarativo,  cognitiva, pois está focada no conhecimento.  O pressuposto é simples: se o ouvinte puder aprender a pensar corretamente, então ele também poderá viver corretamente.

Sermões não são peças de ficção.  Quando pregamos, estamos falando sobre os nossos problemas, os mistérios que nos afligem.   O processo nos envolve porque desejamos compreender as soluções que Deus tem para as nossas questões.  Quando o sermão termina, somos nós os que podemos viver felizes segundo a verdade que nos foi mostrada.  Tendo ouvido a voz de Deus, somos capazes de sair e realizar o que ele disse.  É o nosso mundo que estava quebrado e o nosso mundo que foi consertado – pelo menos,  em certa medida.[vi]

 Como se pode notar, a ênfase primordial do sermão pragmático está na agenda do ouvinte.  Comparado ao sermão declarativo, ele percorre o caminho inverso:  começa na aplicação e retrocede para os princípios cognitivos que motivam a mudança requerida.  O pregador precisa ser um bom intérprete da realidade na qual vivem os ouvintes – e, talvez, ele próprio.  Eventualmente, a percepção da necessidade humana pode aflorar de um texto bíblico.  De qualquer forma, as “pistas” para resolver o “mistério” estão nas Escrituras.  O pregador usa a Palavra para encontrar orientações específicas para a questão em foco.

3. O Sermão Narrativo

O chamado sermão narrativo tem a sua origem na Nova Homilética dos anos 70 do século 20.  Nesse modelo, o pregador constrói a sua mensagem como narração de uma história.  A mensagem não segue uma estrutura linear, mas apresenta uma sucessão de “cenas” que vão compondo a narrativa.  A história é o elemento formativo do sermão, e não meramente coadjuvante.  No sermão tradicional, as ilustrações kwefjkqeweram utilizadas para dar um caráter pictórico a determinada proposição. No sermão narrativo, a história é central ou essencial.[vii]

Esse tipo de estrutura é, por natureza, indutiva, pois a descoberta das verdades normalmente emerge de imagens e experiências de vida.  A história permite que o ouvinte se envolva intelectual e emocionalmente no desenrolar do enredo e, consequentemente, na “descoberta” da verdade. 

Os pregadores narrativos normalmente iniciam o sermão com um texto bíblico, no qual identificam o seu foco.  Todavia, esse texto não precisa ser de caráter narrativo.  Segundo Anderson, “todo o texto na Escritura oferece uma história, pois cada parte da Bíblia é ambientada em história humana real.  A Bíblia é sobre pessoas.  Ela não é um documento abstrato.”[viii]

A narrativa, no entanto, não precisa ser necessariamente uma reprodução exata da história bíblica.  Eventualmente, um episódio bíblico pode ser recontado em um contexto atual ou, ainda, uma história contemporânea pode ser utilizada para apresentar um conteúdo bíblico.

O sermão narrativo também precisa concluir com uma aplicação.  Ao contrário do que ocorre em sermões de estrutura cognitiva, que requerem aplicações concretas da verdade proclamada, a aplicação, no modelo narrativo, é feita em termos descritivos da vida do ouvinte.  A história do ouvinte, não a aplicação de um conhecimento adquirido, está em foco no sermão narrativo.  A aplicação é a história dele – na medida em que a narrativa bíblica é também a narrativa de sua própria vida –  encorajando-o a agir de acordo com a vontade de Deus.  É o ouvinte que, em sua vida, dá prosseguimento ou conclui a narrativa.

 4. O Sermão Visionário

A quarta estrutura de sermão é a que Anderson chama de “visionária”.  É o sermão que “pinta um quadro” da verdade através das palavras.  Ele explica a imagem da pintura aplicada ao pregador visionário da seguinte maneira:

 Como um pintor, o pregador visionário vive na intersecção da dedução e da afeição.  Ele vem e apresenta ao ouvinte uma ideia principal, uma mensagem que irá mudar a sua vida.  Ao contrário do pregador declarativo, contudo, esse pregador escolhe comunicar a sua mensagem por meio de uma poderosa visão de um futuro alterado sob o senhorio de Deus.  Ele pinta um quadro que conduzirá o ouvinte-expectador  à compreensão da mensagem.  Tendo sido exposto à visão, o ouvinte precisa lidar com o que viu.[ix]

 O sermão visionário procura se enquadrar em um ambiente social pós-moderno.  Por isso, tenta levar a voz de Deus aos ouvintes através de uma atmosfera multissensorial.  Palavras ainda estão presentes, mas o ouvinte é levado a uma experiência que vai além da mera recepção auditiva.  O pregador procura utilizar uma série de veículos como testemunhos, artes visuais, silêncios, objetos, cheiros e até mesmo expressões tácteis.

A “pintura” é planejada e preparada em um estilo dedutivo.  Um texto bíblico precisa ser escolhido e compreendido.  A ideia principal precisa ser encontrada.  Todavia, o objetivo não é formular uma série de proposições, mas “expor” o ouvinte a um processo de resposta e interação.  A função do pregador, segundo Anderson,  seria mais a de criar maneiras para liberar a voz de Deus, e não tanto a de agir como portador dela.  O pregador, por assim dizer,  é o portador  que empresta sua própria voz à proclamação da Palavra de Deus.  A pregação, como anúncio da Lei e do Evangelho, é um chamado ao arrependimento e à fé que o próprio Deus dirige ao ouvinte pela instrumentalidade da voz do pregador.

O formato  visionário oferece formas tangíveis para que o ouvinte possa responder de forma ativa.  “O final do sermão deve oferecer uma visão do que como a vida pode parecer agora que vimos um quadro do que Deus quer. Agora sabemos o que iremos fazer.”[x]  O ouvinte foi exposto ao chamado de Deus, ao qual deve responder com arrependimento e fé, com apego à palavra de consolo, com obediência aos mandamentos de Deus, como frutos de arrependimento, conforme o conteúdo do texto bíblico e da respectiva pregação.

 5. O Sermão Integrativo

O mapeamento homilético sugerido por Anderson inclui, além das quatro estruturas primárias vistas acima, uma quinta estrutura que reúne todas em um só modelo – o integrativo.

O sermão integrativo é tanto dedutivo como indutivo e apela tanto para a cognição como para a afeição.  Segundo Anderson, “o seu foco não é um determinado grupo de pessoas, mas espera oferecer algo para cada pessoa, em sua dimensão integral. É uma forma holística de pregação, que fala à pessoa toda ao mesmo tempo.”[xi]

A fim de explicar o seu modelo, Anderson o compara ao contexto musical:

 Na música, um meio afetivo (a música) é dado de forma dedutiva (a composição), a fim de expressar ideias cognitivas (a letra) por meio de expressão indutiva (a execução).  O Sermão Integrativo combina esses elementos para produzir uma pregação que combina um argumento lógico (cognição-dedução), um mistério subjacente (cognição-indução), uma história humana (indução-afeição) e uma visão motivadora (afeição-dedução).[xii]

 Tais elementos,  que compõem a pregação integrativa,  podem ser explicados, de maneira sucinta, como segue: – O “argumento lógico” se refere ao conteúdo intelectual que é sugerido pelo texto bíblico.  O sermão deve comunicar a verdade pretendida pela Palavra de Deus nessa passagem bíblica específica.

– O “mistério subjacente” é o contexto no qual o ouvinte tenta alinhar suas pressuposições com a verdade de Deus.  Por “mistério” deve-se entender o que o ouvinte ainda não conhece ou compreende.  Essa “apropriação” da verdade de Deus precisa ocorrer, pois ideias sem dono são meras abstrações.

– A “história humana” se refere ao momento do sermão em que acontece a experiência de vidas que estão entrando “em termos” com Deus através da sua Palavra.  É a “personalização” do texto bíblico, que pode estar tanto nas Escrituras como em meio à multidão.  “A Pregação Integrativa irá ganhar vida e poder na medida em que a mantemos em seu contexto humano inerente.  A Bíblia é pessoa, não estéril. É um documento vivo sobre pessoas reais e a vida real.  Assim precisa ser a nossa pregação.”[xiii]

A “visão motivadora” é o momento em que o pregador motiva o ouvinte em direção ao propósito de Deus para a sua vida.  É a tradicional “aplicação” do sermão. 


[i] Anderson, Kenton C. “Mapping the Landscape of Preaching Today”. Disponível em: >http://www.preaching.org/features/display_feature/16<  Acessado em: 2 jan 2007.
[ii] Segundo Anderson, na história da pregação sempre foram elaborados “mapas” homiléticos.  Um dos mais conhecidos é o mapa proposto por John Albert Broadus, em 1870, dividindo os tipos de sermões existentes entre “textuais”, “tópicos”, “textuais-tópicos” e “expositivos” (ou “expositórios”).  Estes formatos dominaram o cenário da pregação e ainda resistem aos ventos de hoje.  Boa parte das pregações cristãs está baseada nestes modelos, ainda que com algumas inovações.
[iii] Anderson, Kenton C. Choosing to Preach A Comprehensive introduction to sermon options and Structures.  Grand Rapids: Zondervan, 2006.Verifique especialmente a segunda parte – Structures, pp. 127-261. Nesse  livro, o autor apresenta mais detalhadamente o mapa homilético referido no artigo (ver nota 7, acima.
[iv] Ibid., pp. 139, 140.
[v] Ibid., p. 161.
[vi] Ibid., p. 163.
[vii] Veja o Capítulo 25.  Veja,  no Capitulo 9, informações sobre a estrutura básica de uma história.  Veja também os Capítulos 13 e 14 para mais detalhes sobre o sermão com estrutura narrativa.
[viii] Anderson, Choosing to Preach, p. 198.
[ix] Ibid., p. 219.
[x] Ibid., p. 227.
[xi] Ibid., pp. 235, 236.
[xii] Ibid., pp. 242, 243.
[xiii] Ibid., p. 249.

> Livro 14: Pregação pura e simples

Dica de leitura 03

Manuais homiléticos ou de pregação são comuns.  Alguns resistiram ao tempo e se tornaram clássicos. Um dos mais recentes (de 2005, com reedição em 2007 é o de Stuart Olyott – Preaching pure and simple.  Foi publicado pela Bryntirion, de Wales, Reino Unido.  Tem 192 páginas.

A proposta do autor é objetiva: indicar caminhos seguros e simples para a elaboração e entrega de sermões.  BoImagema parte dos temas tratados está presente em outros manuais.

Na Parte 1, Stuart comenta sobre “o que é pregação”.  Na segunda, a mais vasta e importante, ele lida com estes assuntos: Acuracidade exegética; Substância doutrinária; Estrutura clara; Ilustração vívida; Aplicação no alvo; Entrega que ajude o ouvinte a ouvir e entender; Autoridade sobrenatural.  Neste bloco, cada um dos capítulos traz uma série de três perguntas e/ou atividades práticas para complementação do estudo.

Na terceira e última parte, o autor traz um esboço de um método para a preparação de sermões e uma homenagem a um pregador já falecido, Hugh D. Morgan, que em suas pregações exemplificou os princípios detalhados no livro.

Trecho traduzido: “Muitos sermões hoje são como o badalar de um sino de um funeral.  O conteúdo é satisfatório, mas o coração do pregador nunca é visto.  Não existe risco de que tais pregadores um dia serão acusados de alarme falso ou fanatismo, pois não existe evidência de que algum tipo de chama está ardendo dentro deles” (pág. 153).

> Livro 13: Pregação encarnacional

Dica de leitura 03

A expressão “pregação encarnacional” é bastante usada em vários segmentos homiléticos.  Ela se refere ao esforço do pregador de “encarnar” a Palavra de Deus, de se “tornar” a mensagem de Deus da Escritura Sagrada.  Este é o foco principal do livro de David Day – Preaching witt All You’ve Got: Embodying the Word (“Pregando com tudo o que você tem – Encarnando aImagem Palavra”).  Foi publicado nos EUA em 2006 pela Hendrickson.  Tem 186 páginas.

A imagem da “encarnação” permeia todas as quatro partes e os 18 capítulos do livro.  David começa abordando com a Palavra de Deus que deve primeiro se encarnar no pregador.  Nesta parte, ele aborda questões relacionadas com a personalidade e a atitude do pregador, no e fora do púlpito.  Um dos capítulos aborda a Bíblia e a imaginação.

Na segunda parte, o autor escreve sobre “a Palavra encarnada em palavras”.  Aqui, ele aborda questões como histórias, imagens, metáforas, metáforas, ilustrações, etc.  O ponto de partida é o próprio caráter da Bíblia, que está repleta de recursos imaginativos e criativos.

A contextualização (encarnação no mundo) da Palavra de Deus é um dos focos da Parte 3.  Além de apontar para a necessidade da aplicação da Palavra à realidade do ouvintes, David também avaliar ferramentas disponíveis que podem auxiliar neste processo, como artes visuais, objetos e informática.

A parte final lida com “a Palavra encarnada nos ouvintes”.  São dois capítulos: “Pregando com a congregação” e “Pregando para uma resposta”.

Na chamada de contra capa do livro está colocado o seguinte: “Pregação encarnacional convida pregadores a ‘encarnar a Palavra’ tornando-se sua mensagem por meio de transparência pessoal, histórias contadas com imaginação, metáforas iluminadoras e o uso vívido de imagens”.

Nota 1: Eu me refiro à “pregação encarnacional” em alguns capítulos do meu livro Pregação Criativa (como no 6). A ênfase é a mesma do que a propugnada por David Day.

Nota 2: O autor também escreveu um manual homilético: “A Preaching Workbook”.  A última edição é de 2004 e foi publicada pela  SPCK Publishing, de Londres.

> A importância de uma palavra

Pregação trechos

Warren Wiersbe diz que cada palavra-chave no Novo Testamento é como uma pequena figura em um grande quadro, ou seja, pertence a um contexto cultural em que as palavras estão relacionadas umas com as outras.  A palavra justificação, por exemplo,  pertencia ao tribunal antes que fosse movida a um seminário.  O termo redenção nasceu no contexto da escravidão grega e romana.  A expressão “nascido de novo” era familiar aos gregos.  O sentido original das palavras e expressões gregas do Novo Testamento são um recurso que  traz luz sobre qualquer sermão hoje, mas especialmente sobre os sermões sobre dutrinas bíblicas.  Por isso, ele conclui, o pregador que não estuda palavras – inclusive as de sua língua nativa – “rouba de si próprio uma ferramenta eficaz para comunicar a verdade.  Não é acidental que alguns dos pregadores mais eficazes eram estudantes de palavras, leitores de dicionários e fãs de palavras-cruzadas.”[i]

[i] Wiersbe, Warren W. “Imagination: The Preacher’s Neglected Ally”. Leadership, v. IV, n.º 2, 1983, pp. 22-27.

> Livro 08: A importância do ouvinte

Dica de leitura 03

A audiência é uma “parte” da pregação que normalmente recebe pouca atenção em manuais homilético.  O foco costuma estar mais na técnica e no pregador – no púlpito.

The preacher and his audience, de Webb B. Garrison (Flemming H. Revell, 1954, 286 páginas), foi um dos primeiros livros a voltar sua atenção especialmente aos ouvintes do processo.  Da mesma forma, foi um dos primeiros a olhar a pregação a partir do ponto de vista da comunicação. Diz o autor: “A pregação é estudada aqui como uma forma especial de comunicação, na qual o papel do ouvinte é tão significativo como o do pregador” (pág. 18). Ainda segundo ele, “havendo apenas um púlpito e um pregador, é possível haver um monólogo, mas não um sermão.  A pregação não pode existir sem o ouvinte e sem quem fala” (pág. 21).

O livrImagemo é desenvolvido em 12 capítulos:

1. Um novo olhar para a pregação
2. A motivação do pregador e do ouvinte
3. A comunicação de sentido
4. A atenção do ouvinte
5. Problemas e oportunidades de estilo
6. Fontes de materiais
7. Forma e ordem no esboço do sermão
8. A ilustração: colocando “carne” nos “ossos”
9. Humor no púlpito
10. Fatores emocionais na persuasão
11. Elementos visuais na pregação
12. Plágio e desenvolvimento de originalidade.

> Livro 07: Deus tem algum problema de comunicação?

Dica de leitura 03

É o que parece sugerir Chester Pennington, em seu livro God has Communication Problem – Creative Preaching Today.  Ele foi publicado em 1976 pela editora Hawthorn Books, de Nova York.
Este livro é emblemático porque, na época em que foi escrito, estavam começando a “fervilhar” questões que até anos antes não recebiam grande atenção dos teóricos da homilética, especialmente o sermão como um evento criativo e comunicativo (aliás, assunto não “resolvido” até hoje em certos51RIFRD761L._SL500_ ambientes acadêmicos).
O que Pennington propõe em seu livro nunca antes havia sido feito com tal argumentação e detalhamento.  Por esta razão, em meu juízo, ele é um dos maiores, se não o maior, marco a transição em termos teóricos na área de homilética que aconteceu especialmente nos anos 1980.
A homilética – ou a pregação, em sentido amplo – não acontece em um vácuo.  Se a pregação é a contextualização da Palavra de Deus para o ouvinte de hoje, naturalmente ela precisa ter a percepção de qual é o seu “público-alvo”, para ampliar sua eficácia em termos de comunicação.
O autor inicia o livro afirmando a centralidade da pregação na vida da Igreja – na verdade, o compartilhamento da Palavra de Deus para crentes e descrentes.  (Daí a sugestão do termo “comunicação”, pois traz em sua origem o sentido de “tornar comum”, “compartilhar”.)
A partir do segundo bloco, ele inicia sua “revolução” (lembre-se da data de publicação!), abordando a pregação como um evento comunicativo e, em seguida, como um evento criativo.
Para Pennington, as teorias da comunicação podem ser importantes aliados da pregação. Por esta razão, ele dedica um capítulo (oito) apenas para analisar a pregação como uma instância de comunicação.  Alguns dos temas tratados são: Pregação e informação; Pregação e credibilidade; Pregação e recepção.
O “problema” de comunicação de Deus pode ser o pregador.  Por esta razão, ele precisa sempre buscar os meios para ser um melhor comunicador do Evangelho.

Trecho: “Podem existir diversas razões porque deixamos a igreja sem um sentido claro sobre o que o pregador quis dizer.  Uma é que os próprios pregadores podem não terem tido certeza do que queriam dizer.  Alguns sermões que ouço me convencem que o pregador não definiu claramente o propósito e o tema… Uma comunicação eficaz requer um propósito claramente indicado.  E isto, por sua vez, requer o trabalho cuidadoso do pregador.” (pág. 65)

> Preste atenção em pessoas que criam

“Se você ser que criativo em sua pregação, então preste atenção em pessoas que criam.  Siga e aprenda de artistas, músicos, diretores, etc. influentes.  Como criam a sua arte?  Quais são os seus segredos? Não importa que elas não sejam pregadores. Elas estão trabalhado o processo criativo, assim como você está.  Embora Bruce Springsteen seja um músico popular, quando ele escreveu suas canções ele pensou no cinema.  Ele queria que suas canções contivessem imagens mentais que iriam ‘tocar’ na cabeça dos ouvintes.  Ele incorporou à sua composição musical o que havia aprendido de outro processo criativo.  Preste atenção às pessoas que são boas em criar, e procure encontrar coisas que possam ser úteis para você.”
Fonte: http://resurrectedliving.wordpress.com/2012/04/09/tips-for-creative-preaching/

> Livros 02

Dica de leitura 03

Alyce M. McKenzie é uma teóloga norte-americana que atua especialmente na área da educação de comunicadores da Palavra de Deus – como pregadores ou professores de ensino religioso.  Seus escritos giram basicamente em torno de dois eixos: “sabedoria” (sapiência – como o livro de Provérbios, do Antigo Testamento) e criatividade na proclamação da Escritura.
Seu último livro, Novel Preaching, de 2010, mostra como os pregadores podem aprender a comunicar a Palavra usando técnicas de escritores de romances.

Esta abordagem não é nova. Um dos pioneiros no uso da literatura secular como “fonte de inspiração” foi o teóloge5ec923f8da019a154b7a010.Lo luterano Francis Rossow, professor de homilética durante muitos anos no Concordia Seminary de Saint Louis, Missouri, Eua.  Todavia, a autora traz dicas importantes para pregadores, especialmente.

Mas indo ao que importa: Na Dica de Leitura de hoje, um livro da teóloga para pregadores e professores (infelizmente, apenas em inglês): Hear and be wise – Becoming a preacher and teacher of wisdom. (Ouça e seja sábio – Tornando-se um pregador e professor sábio – ou de sabedoria). Foi publicado em 2004 pela Abingdon Press, dos EUA.
Segundo Alyce, um dos papeis pastorais que muitas vezes é relegado a um segundo plano é o de ser um “ensinador sábio”, que é capaz de fazer com que seus ouvintes “ouçam e sejam sábios”.  Ela indica quatro qualidades que ajudam para que isto possa acontecer: joelhos dobrados (oração), coração aberto (ouvinte), mente aberta e voz corajosa.
Ao desdobrar estas qualidades, a autora coloca quatro ingredientes que julga importantes na proclamação da Palavra:
a) O emprego do sensorial – replicando a vida humana – por meio de imagens, metáforas, histórias conectadas com as emoções e o intelecto das pessoas.
b) O uso de experiências na primeira pessoa, mas sem apelo narcisista.
c) O ensino sem chatice.
d) A abordagem de questões controversas – sem defensividade e abertura para o diálogo.

Nas 208 páginas do livro, a autora, além da teoria, traz um bom número de exemplos. O livro bíblico bíblico de Provérbios é um referencial recorrente, tanto em termos teóricos como práticos.  Os recursos de  ensinos de Jesus também aparecem com frequência.

> Livros 01: Pregação 360 graus

Dica de leitura 03

A dica de leitura de hoje é o livro em inglês 360 Degree Preaching – Hearing, Speaking, and Living the Word (algo como “Pregação 360 graus – Ouvindo, falando e vivendo a Palavra de Deus).
O autor é M307524ichael J. Quicke, professor de Pregação e Comunicação nos EUA. Foi publicado pela Baker Academic em 2003.
O livro tem dois grandes blocos. No primeiro, Quicke traz seis capítulos que podem ser vistos como uma espécie de “justificação e contextualização da pregação”. Ele aborda a origem da pregação e o seu papel na realidade atual. Um dos capítulos lida com a pessoa do pregador e o poder da Palavra.
No segundo bloco, o autor apresenta uma sistemática para a elaboração de um sermão. Ele a chama de “preaching swim” – algo como “pregação nadar”.
Segundo Quicke, o modelo procura replicar um nado rio abaixo. Ele procura fazer com que o pregador “pule” no rio da proclamação da Palavra de Deus e permaneça focado na energia e no movimento de Deus (no caso do rio, da água), na medida em que sua voz é liberada em uma pregação. Para tanto, ele aborda uma série de estágios do “nado semanal” que o pregador deve fazer – da exegese à entrega, além de discutir os formatos básicos de sermão.
A ênfase do autor é na formatação expositória da pregação, mas pode ser útil para outras formatações (tópico, textual, etc.). De qualquer forma, ele apresenta algumas ideias e sugestões que são inovadoras, criativas.

Trecho: “O pregador precisa usar a criatividade, limitada por uma exegese rigorosa, na medida em que trabalha as possibilidades de foco e função do sermão.” (pág. 159)