A palavra como sempre teve um papel primordial nas Escrituras. No Gênesis (Deus “disse”, “falou”) ela foi instrumento de criação. Deus falou de diversas maneiras, como através dos profetas. E sempre, sua palavra foi poderosa. “Pois quando Deus fala, as suas palavras transmitem o seu poder. Elas são atuais. Elas causam mudança. Sua Palavra é ativa, criativa, re-criativa.”[i]
O ápice da palavra-evento de Deus aconteceu em Jesus de Nazaré. A Palavra tomou forma, natureza humana. Foi a manifestação mais perfeita de Deus. E foi sua comunicação mais perfeita com a sua criatura.
Em um primeiro momento, o Evangelho de Jesus é ele proclamando a si próprio e vivendo a sua própria história. Quicke comenta ele é a história na medida em que a Palavra se torna ser humano. “Como Marshall McLuhan colocou em um diálogo com Pierre Babin: “Este é o único caso em que o meio e a mensagem são perfeitamente idênticos”. Babin continua: “E ao explicar o termo mensagem, ele insistiu que não eras as palavras ditas por Cristo, mas o próprio Cristo…[ii]
A pregação é, de certa forma, uma continuação da encarnação de Deus. Ele faz uso do suporte humano – pregador, linguagem – para que a sua Palavra se materialize nos que a ouvem e se transforme em atos concretos em suas ações. A verdade e a experiência do Evangelho se concentram em Jesus, mas eles permanecem ativos na história humana, mesmo que as culturas mudem e a Boa-Nova seja ouvida de formas diferentes. Por isso, a proclamação hoje da história atemporal de Deus é a tarefa básica de todos os pregadores, pois a humanidade depende dela para a sua salvação eterna.
Kolbe escreve:
Todas as outras doutrinas ou ensinos sobre teoria política ou social, sobre valores estéticos ou morais, sobre verdades químicas ou biológicas devem permanecer como ensino sobre alguma coisa. Somente o ensino da Palavra de Deus pode tomar o ser humano como seu objeto direto. O ensino cristão me dirige a mim e me requer; ele me transforma e re-cria. Ele se preocupa com o que gostaríamos de saber sobre a vida, com certeza, e ele nos informa. Mas ele também traz o verdadeiro poder de Deus – o poder de sua força perdoadora e criativa no cerne de nossa vida, e ele nos traz para o meio do poder perdoador e criativo de Deus.[iii] (djj)
[i] Kolb, speaking58
[ii] Quicke, 24
[iii] Kolk, 58