>> Balanço estatístico (histórico) do blogue Creativando

Esta é a primeira vez que coloco um post com dados estatísticos do Creativando em cinco anos.

Apenas curiosidade. O que se nota, também, é que em momentos de mais postagens o número de visitas aumenta, e vice-versa. Como a temática do blogue é restritra a um nicho (ou dois ou três…), creio que a aceitação tem sido boa.Infelizmente, esta área, comunicação cristã, nao possui muito material em português. Mas novos chegarão!

Agora, em 2014, a atualização deverá ser mais constante. Obrigado pela sua participação!

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Livro 31: Pregação bíblica

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Haddon Robinson é um dos principais homiletas norte-americanos. É autor de mais de 10 livros, a maioria na área da pregação. O seu livro mais conhecido é um manual homilético (como elaborar um sermão). Ele está em sua segunda edição também no Brasil, com o nome de “Pregação bíblica – O desenvolvimento e a entrega de sermões expositivos” (editora Shedd, ISBN: 978-85-88315-17-4).

Robinson apresenta “dez passos” para a preparação do sermão. Estes passos vão da compreensão do texto bíblico até o ponto de uma ideia exegética clara e acurada, passando pelo processo de desenvolvimento da ideia homilética e questões práticas sobre o formato do sermão e conteúdo eficaz.

Além de propor um método de preparação de sermões, Robinson coloca conselhos úteis para o pregador, fazendo uso de recursos da área de comunicação. Como se nota no subtítulo, ele enfatiza o método expositivo de pregação, dentre os vários existentes (para detalhes sobre métodos homiléticos, veja o meu livro Pregação Criativa, Editora Concórdia, 2010 – http://www.editoraconcordia.com.br/produtos/produto.php?id=1256).

> O poder das histórias

Pregação blogue dito 03

“A história da salvação diz mais do que qualquer de nossos sábios analíticos podem dizer.  A história da Boa-Nova fala mais fundo ao coração do que qualquer um dos nossos princípios teologicos.”

(Daniel Buttry em First-Person Preaching, 1998, pág. 15)

> Livro 29: Pregação que conecta

Dica de leitura 03

Qualquer mensageiro de Deus tem o desejo e a vontade de que a sua mensagem se conecte com o seu destinatário.  Certamente o pastor, o pregador, vive este desejo de forma ampliada, pois ele é a pessoa que exerce de forma especial a ação de veicular a voz de Deus que está na BíbliaImagem.  Semana após semana ele libera a voz de Deus em estudos, palestras, sermões, etc. de uma igreja.  Uma série de fatores interferem neste processo de comunicação, ampliando ou diminuindo a eficácia do processo.  O desafio é munir-se de recursos que maximizem a comunicação.

Ao longo da história da pregação (ou homilética), muitas técnicas foram desenvolvidas para auxiliar o pregador nesta tarefa.  Várias deles têm origem na retórica grega e romana, de muitos séculos atrás.  O livro Preaching that Connects (Pregação que conecta) procura mostrar como técnicas do jornalismo podem ser úteis ao pregador em sua tarefa.  O livro foi escrito pelos norte-americanos Mark Galli e Craig Brian Larson e publicado em 1994 pela editora Zondervan.  Tem 160 páginas.

O livro foi escrito em um estilo simples e direto.  O objetivo primeiro dos autores não foi o de teorizar os assuntos apresentados, mas de oferecer sugestões e exemplos práticos de como o pregador pode utilizar elementos do jornalismo em suas pregações.

Estes são alguns dos 12 capítulos: Como ser mais criativo (2); Introduções que encontram ouvintes (3); Estruturando o seu sermão para o máximo efeito (4); Como contar uma boa história (7); Usando palavras que inspiram (9).

Preaching That Connects é para todos aqueles que procuram honrar sua obra de comunicar eficazmente a verdade do Evangelho” (contracapa).

> Formas de comunicar a “antiga” mensagem

Pregação trechos

A variedade no texto das Escrituras aponta para a liberdade que o pregador tem de diversificar os formatos e estilos que usa para proclamar a Boa-nova.  O pregador pode escolher a forma mais apropriada para apresentar um aspecto diferente da mensagem bíblica.  Por isso, tomar consciência da existência de formas alternativas pode sensibilizar o pregador a considerar novas opções.  O pregador de hoje precisa estar constantemente atento para novas maneiras de compartilhar a antiga história – que é sempre nova.

Considerando a grande variedade de formas pelas  quais Deus fala na Bíblia,  Gerard Knoche diz que é surpreendente como existem pregadores “casados” com um modelo de esboço com três pontos (ou “partes”) e um poema (ou uma “ilustração”).  A perspectiva de “ganhar o interesse da congregação ou apresentar um testemunho mais pessoal – ou até para tornar o meio a mensagem – variedade na forma do sermão… parece ser ‘um caminho não percorrido’ na maioria dos púlpitos.”*

*  Knoche, Gerard H. The Creative Task – Writing the Sermon. Saint Louis: Concordia, 1977, p. 29

> Livro 28: Teologia e Pregação

Dica de leitura 03

Neste post, aprecio rapidamente o livro Preaching is believing – The Sermon as Theological Reflection  (Pregar é crer – O sermão como uma reflexão teológica).  O autor é Ronald J. Allen e foi publicado WJK em 2002.  Tem 162 páginas.

O propósito de Allen é incImagementivar os pregadores a prestarem uma atenção maior à Teologia Sistemática na preparação de seus sermões.  (De certa forma, este objetivo do livro parece ser redundante, já que todo sermão é “sistemático”, “doutrinário”, se bíblico.  Todavia, o que ele quer incentivar, em síntese, são sermões que, de forma explícita, lidem mais ou melhor com temas considerados sistemáticos – por exemplo, Batismo, Santa Ceia, Santificação.)

O “conteúdo” do livro deixa bem claro o foco do autor.  São seis capítulos que colocam uma fundamentação teórico-prática sobre o “sermão sistemático”.  Por exemplo: Por que a Igreja precisa de Teologia Sistemática hoje?; O sermão como uma forma de Teologia Sistemática; Tornando a Teologia viva em um sermão.

O último Capítulo traz uma série de sermões que tem como objetivo exemplificar a tese do autor.  Logo após, ele coloca um apêndice sobre “relacionamentos entre famílias teológicas históricas e contemporâneas”.

> Livro 27: O contexto da pregação

Dica de leitura 03

A série “Elements of Preaching” possui atualmente oito volumes (veja o link no final do post).  Um deles é o livro Knowing the Context (Conhecendo o contexto), de James R. Nieman.  Foi publicado em 2008 pela Fortress Press, dos Estados Unidos.  Tem 94 páginas.

Como fica evidente no título, Nieman foca a questão do contexto na pregação.  A proclamação nunca acontece em um vácuo, mas dentro de “ambiente” (melhor seria dizer vários “ambientes”).  E isto imagescostuma ser uma tarefa árdua para o pregador.

Knowing the Context é uma importante ferramenta para que o pregador desenvolva sua habilidade de “conhecer” o contexto e fazer com que ele seja evidente na exposição e aplicação do texto bíblico.  Além de teórico, ele oferece uma grande variedade de orientações práticas.

O livro possui cinco capítulos.  O Capítulo 1 fundamenta a questão do contexto na pregação.  O Capítulo 2 lida com o que o autor chama de “molduras” para abordar diferentes contextos. Uma das ênfases é que o contexto precisa ser identificado, porém não isolado.  A partir do Capítulo 3 o autor foca especialmente o ensino prático sobre o tema, indicando “ferramentas” para explorar contextos.  No Capítulo 4, ele aborda os “sinais” para interpretar os contextos.  E no último Capítulo ele desenvolve o que chama de “pregação contextual”, o que é e como deveria acontecer.

Link para a série: http://store.augsburgfortress.org/store/productfamily/109/Elements-of-Preaching-series

> Livro 26: A pregação e a moral

Dica de leitura 03

Existem sermões “éticos”?  David P. Gushee e Robert H. Long dizem que sim.  Eles são os autores do livro A Bolder Pulpit – Reclaiming the Moral Dimension of Preaching (em tradução livre: Um púlpito corajoso – Reivindicando a dimensão moral da pregação.  Foi publicado em em 1998 pela editora Judson Press, dos Estados Unidos.  Tem 204 páginas.

O termo “éticImagemo” se refere ao conteúdo do sermão, assim como se fala em sermão “evangelístico” ou “doutrinário”.  O propósito dos autores é assistir pregadores na preparação de sermões relacionados com a moral cristã, ou seja, a dimensão ética da mensagem cristã.  Eles justificam o livro dizendo que muito poucos pastores lidam adequadamente com a vida da Igreja, e que isto colabora com a péssima nutrição da igreja contemporânea e a erosão da autêntica moral cristã.

O livro tem dois blocos distintos.  No primeiro, com três capítulos, os autores discutem o que chamam de “método”.  É uma fundamentação teórica sobre a questão do “vácuo” moral na pregação contemporânea e de como ele pode ser revertido.  A proposta é que a Igreja tenha “pregadores de ética” e “pregação de ética”.

A segunda parte, e mais extensa, traz uma série de 18 exemplos de sermões que focam especialmente questões éticas.  Os autores procuram focar implicações morais de um de bíblico.  Alguns dos títulos: “A santidade da vida humana”; “A vocação do pai cristão”; “Sobre o isolamento do meio social”; “Relações raciais: uma perspectiva bíblica”; “Por que ser bom?”

> As parábolas de Jesus

Pregação trechos

Jesus não usou histórias  com o objetivo de entreter os ouvintes.  Muitas vezes, as parábolas  foram a principal forma de Jesus anunciar  a sua mensagem. Mais do que ilustrar, as suas parábolas  podem ser vistas como breves sermões. Cada uma traz uma verdade que é levada à consciência do ouvinte através  da cena narrada. A atenção  é despertada  pela confrontação  dramática  com uma verdade sobre a relação de Deus com o ser humano. Cada parábola,  como um sermão, carrega uma mensagem única e requer uma resposta  simples.

> Livro 25: O pregador revivido

Dica de leitura 03

The Fully Alive Preacher (literalmente “O pregador totalmente vivo”) é, com certeza, um título sugestivo.  O subtítulo ajuda a explicar o “vivo”: Recovering from Homiletical Burnout (“Recuperando-se do estresse homilético”).  A ideia do termo “burnout” é “acabado”, “esgotado”.

Seu autor é Mike Graves, professor de Homilética e Litúrgica em uma faculdade batista dos EUA.  O livro foi publicado em 2006 pela Westminster John Knox Press.  Tem 178 páginas.

Imagem“Pregar com alegria”: esta é a expressão-chave do livro.  O autor parte do pressuposto que a pregação intensiva, pode, ao longo do tempo, levar o pregador a um “sombreamento do espírito”.  Não raras vezes algum pregador levanta às duras penas no domingo de manhã para dirigir o culto e pregar; melhor seria continuar dormindo.  Ele pergunta em certo trecho: “Se a pregação tem o objetivo de avivar a Igreja, por que ela está acabando com tantos pregadores?”

E qual a solução, se existe?  Mais habilidades?  Mais cursos sobre pregação?  Mais leituras de livros sobre homilética?  Não.  O que um pregador assim precisa é mais alma, mais vida.

O livro é, sim, um manual homilético, embora seu objetivo vá além de abordar as técnicas às vezes frias que regem a pregação clássica.  Mas onde está esta “vida”?  É o que Graves deseja responder.  As respostas vêm acompanhadas, ou seguidas, de abordagens tradicionais (e algumas nem tanto) da homilética.

Para chegar ao seu objetivo, o autor faz dois “convites”.  O primeiro é um convite para que o pregar reflita sobre o seu relacionamento com a pregação – alegrias, ansiedades, frustrações, tédio.  O segundo convite é para que o pregador repense a sua abordagem dos pequenos prazeres da vida – como é dito na “apresentação”: convites para caminhar, tirar uma soneca, ler, jogar e comer sobremesa. 

Graves detalha os “convites” em quatro grandes blocos:  a) Estudando as Escrituras; b) Fazendo uma tempestade de ideias; c) Criando uma sequencia; d) Dando vida ao sermão.  Cada bloco tem várias seções, que são concluídas com uma série de perguntas para reflexão pessoal.

Ao longo do livro, o autor também apresenta uma série de sugestões de atividades que o pregador pode realizar como formas de “avivar” a sua visão e disposição em relação à pregação. 

> Livro 24: Encenando a pregação

Dica de leitura 03

Um das bases mais consistentes da pregação cristã em termos de formatação é a retórica grega.  Em muitos círculos religiosos, especialmente os de tradição mais antiga, o sermão é, em muitos casos, uma peça de caráter argumentativo.  Todavia, existem várias outras opções para proclamar a Palavra de Deus. (Pesquise aqui no blogue termos como “história”, “narrativa”,  “pregação experimental”, “ventos da pregação”; etc. para ampliar esta noção.)

Uma das alternativas é apresentada em um livro de 2002, escrito por James O. Chatham: Enacting the Word – Using Drama in Preaching.  Foi publicado pela editora WJK, dos Estados Unidos.  Tem 72 páginas.

Traduzido livremente, o título dá uma boa ideia do seu foco: Encenando a Palavra – Usando aImagem dramatização na Pregação.  Em alguns momentos, esta variação da pregação cristã também é chamada de “pregação litúrgica”.

O livro de Chatham não é um manual teórico sobre o uso desta forma de proclamação da Palavra.  Na verdade, são apenas três páginas que a “fundamentam” – as demais contem vasto material exemplificativo.

Em um formato assim, ele diz, o sermão não é apenas um monólogo, mas uma proclamação que envolve a congregação de uma forma dinâmica.  Os presentes serão envolvidos na história e ela, por sua vez, irá proclamar o Evangelho.  O “sermão dramatizado explora a relação dinâmica entre antropologia e teologia.  Ele retrata sagas tipicamente humanas e revela como Deus está presente.”

O livro traz sete exemplos completos de sermões dramatizados.  De formas variadas, cada um inclui recursos como monólogos, diálogos, música, etc., além de orientações iniciais.  Como se trata de “sermões”, um dos “personagens” sempre presente é o “pregador”.  Normalmente é ele que faz a aplicação mais direta da Palavra de Deus.

Em um apêndice, o autor traz cerca de uma dúzia de ideias para que o pregador desenvolva suas próprias mensagens dramatizadas.  Ele justifica: “Você tem a Bíblia.  Você tem o seu conhecimento das histórias dela.  Você tem imaginação.  Você conhece o espaço do seu templo…Desafie-se a torna seu sermão dramatizado interessante e com substância

> O que você vê?

Pregação trechos

Um exemplo para concluir este Capítulo: uma das mais belas e significativas amostras  do uso da imaginação  a serviço da comunicação de Deus está na própria Bíblia, no livro do profeta Amós. O exemplo de Amós mostra a importância de você, pregador, observar a realidade que está ao seu redor e dela retirar recursos criativos para os seus sermões.

O profeta Amós tem uma série de visões. A certa altura,  ele tem a visão do prumo. Deus estava perto de um muro construído direito e tinha um prumo na mão. Ele então pergunta:

– Amós, o que é que você está vendo?
– Um prumo – ele respondeu. Então Deus disse ao profeta:
– Eu vou mostrar que o meu povo não anda direito: é como um muro torto, construído  fora de prumo…

Depois, Amós tem outra visão. Deus pergunta:
Amós, o que é que você está vendo? Ele respondeu:
– Uma cesta cheia de frutas maduras! Então Deus disse:
– Chegou o fim para o povo de Israel, que está maduro,  pronto para ser ar- rancado como uma fruta madura…  (Amós 7.8;8.2,  NTLH)

Veja: Um prumo e uma cesta de frutas maduras. Coisas simples, elementos do cotidiano que, a princípio, não possuem outro significado além do convencionado. Mas de repente elas passam a ter outro significado. Através do recurso da imaginação,  elas se tornam  recursos estupendos para revelar a vontade de Deus e para comunicar a Palavra divina.

Por isso, pregador, o que você vê? Raios explodindo num céu negro? O que dizem para você? Folhas secas esparramadas pelo chão no outono?  O que elas sugerem para você? Uma criança imaginativamente brincando de ser motorista? O que ela mostra para você sobre a imaginação?

O que você vê, pregador? Treine a sua  observação:  Olhe atenta  e imaginativamente  ao seu redor e repare os fatos, as imagens,  os sons,  os cheiros – o que você pode utilizar  para encarnar  a voz de Deus, ir ao encontro  dos seus ouvintes, dar vida nova à sua pregação?

> Livro 22: Pregação em primeira pessoa

Dica de leitura 03

A “pregação narrativa” ou “pregação em primeira pessoa”  tem sido uma das “bandeiras” de pregadores e homiletas há várias décadas.  Segundo eles, é ela quem adequadamente pode liberar a voz divina das Escrituras, já que boa parte dela tem a formação narrativa.  Dois livros desta linha já foram apresentados neste blogue:

https://creativando.wordpress.com/2013/01/22/livro-16-pregacao-narrativa/
https://creativando.wordpress.com/2013/01/12/livro-09-comunicando-a-palavra-na-primeira-pessoa/

ImagemO livro deste post também foca esta formação: First-Person Preaching – Bringing New Life to Biblical Stories (“Pregação em primeira pessoa – Trazendo vida nova às histórias bíblicas”).  O autor é Daniel L. Buttry.  Foi publicado em 1998 pela Judson Press, dos Estados Unidos.  Tem 116 páginas.

Butrry é econômico ao fundamentar a pregação em primeira pessoa: são apenas cerca de duas dezenas de páginas.  Nos cinco capítulos desta parte do livro, ele comenta sobre os seguintes temas: A história na Bíblia; O poder do drama; História e drama em um sermão; Escrevendo e pregando sermões em primeira pessoa.

Já na segunda parte do livro, o autor é bem mais generoso, até porque ocupa cerca de 70% do livro.  Ele traz 10 sermões na formatação narrativa.  Alguns dos personagens bíblicos são Tomé, Pilatos, Zaqueu e Elias.  Cada um dos sermões é seguido de breves comentários sobre questões relacionadas à mensagem.

No “Epílogo”, Butrry oferece alguns breve porém importantes lembretes ao pregador.  Ele lembra, por exemplo, que algo crítico na pregação é a unção do Espírito Santo.  Ela é vital em qualquer formato de sermão.

> O pregador-comunicador

Pregação trechos

“Por que insistir,  então, em criatividade e variedade na pregação? A Palavra precisa  ser ouvida,  porque  a pregação  não  se resume  ao falar,  mas  engloba também  o ouvir. (Romanos 10.14)  Como pastor-comunicador, você tem a responsabilidade  de levar a voz de Deus aos ouvidos, mas o Espírito Santo é que fala ao coração.  A recepção da palavra  pelo ouvinte  é o meio escolhido por Deus para a operação criativa do Espírito Santo. (Romanos 10.17; Hebreus 4.2) A recepção física e emocional do sermão depende do ouvinte, mas também da qualidade  que você impõe à sua  pregação.  Em um contexto  de comunicação dialógica, você tem uma boa parcela de responsabilidade no processo. Se você, por exemplo, não contextualiza a Palavra de Deus, ou repete à exaustão  os mesmos argumentos e formulações  já desgastadas, ou não abre espaços para que os ouvintes  participem ativamente do evento-sermão,  certamente  não colabora  para  uma  recepção de qualidade.  As palavras-chave dessa  busca  são criatividade  e variedade.  São as ferramentas que, empregadas  juntas,  podem ajudá-lo  a desempenhar melhor o papel de comunicador  da Palavra  de Deus. Essas  duas  ênfases  são importantes para  o seu ministério  pastoral.  Em sua humildade  de servo, você quer exaltar o Deus que cria todas as coisas por meio de sua  Palavra e quer ajudar  os ouvintes  a escutarem,  por meio da pregação criativa, a própria voz de Deus.”

> Introdução: seu propósito

Pregação trechos

A introdução indica o propósito da pregação. Pode ser vista como uma ponte que permite a passagem do ouvinte da sua realidade para o “lugar” que é objeto do sermão.  Essa transição entre esses dois mundos facilita o interesse do ouvinte em escutar a mensagem.  (Já a conclusão oferece oportunidade para o caminho inverso: o ouvinte retornar ao seu local de origem e aplicar a Palavra de Deus para a sua vida.)

A introdução serve, dessa forma, para ajustar a atenção do ouvinte ao conteúdo a ser desenvolvido na pregação.  A intenção da mensagem deve ficar clara logo no início, para que o ouvinte esteja ciente do que esperar e no que se focar.  Se isso não acontece, entra em cena o que relata uma anedota muito repetida por homiletas e pregadores norte-americanos:

Conta-se que o Presidente dos Estados Unidos, Calvin Coolidge (1872-1933) voltou da Igreja para casa em um domingo de manhã, a sua esposa lhe perguntou:

– Sobre o que o pregador falou?

Coolidge respondeu:

– Sobre “pecado”.

– Mas o que ele disse sobre ele? – insistiu a sua esposa.

O presidente Coolidge finalmente murmurou:

– Eu acho que ele era contra o pecado…

> Livro 19: Contagem regressiva

Dica de leitura 03

Proclamar a Palavra de Deus em um sermão semana após semana (normalmente) não é uma tarefa fácil.  A Homilética (ciência da pregação) procura ajudar o pregador a tornar esta tarefa, se não mais fácil, ao menos mais organizada.  Ela oferece técnicas úteis para todos os estágios Imagemda preparação de uma mensagem cristã.

O livro Countdown to Sunday (“Contagem regressiva para o domingo”), de Chris Erdman, é um dos manuais homiléticos mais recentes.  Publicado no EUA em 2007, traz uma proposta “radical” de como o processo de construção de um sermão pode ser feito em uma semana.  O autor propõe passos a serem seguidos durante os sete dias da semana.  A editora é a Brazos.  O livro tem 206 páginas.

É provável que a proposta de Erdman não seja adequada para boa parte dos pregadores, já que a maioria tem seus períodos de folga e várias outras atividades a serem desenvolvidas em cada um dos dias.  Mesmo assim, vale a pena ler o livro.  As reflexões e dicas do autor para determinado dia da semana podem perfeitamente serem úteis em outro dia.

O livro de Erdman não é um manual técnico; é essencialmente uma coletânea de reflexões sobre temas afins à Homilética e que perpassam o trabalho do pregador.  Isto talvez fique mais evidente na “introdução” do livro.  Ela é atípica, pois é formada por um série de cinco capítulos acerca de pregação de uma forma genérica.

Os demais capítulos (do 6 ao 40) seguem os dias das semana, começando pela segunda-feira.  O autor procura seguir o processo tradicional de um pregador na elaboração de suas mensagens: a escolha do texto bíblico que irá servir de base, a extração do tema, a estruturação do sermão, a aplicação, etc.  Mas em cada um dos “dias” o autor vai além do processo de elaboração da mensagem; ele aborda questões paralelas.  Em um dos capítulos do “dia sexta”, por exemplo, ele trata sobre uma mensagem fúnebre…

> Livro 18: Os ventos da pregação

Dica de leitura 03

NOTA: Este post acerca do livro Choosing to Preach (“Escolhendo pregar” – veja os dados bibliográficos no final do post) é bem mais extenso do que o habitual deste blogue.  Na verdade, trata-se de uma síntese que foi incluída no meu livro Pregação Criativa (capítulo 3).  Para se ter uma noção mais adequada da ideia do autor é preciso um espaço maior.

Kenton C. Anderson é um dos expoentes atuais da homilética norte-americana.  Uma das suasImagem preocupações tem sido o mapeamento das tendências homiléticas mais modernas e a sua aplicação no cotidiano do pregador.

Em um dos seus artigos[i], Anderson apresenta de forma sucinta e em termos gerais as tendências homiléticas atuais, especialmente em termos de conteúdo.  Faz uso, para isso, da analogia de um mapa.  Assim como um mapa atualizado é muito mais seguro e útil do que um antigo,  mesmo que ambos descrevam a mesma área geográfica, também para a pregação há necessidade, segundo Anderson, de um mapa homilético para os dias atuais. .[ii] 

Anderson sugere que, assim como um mapa de um país, o mapa da pregação pode fazer uso dos pontos cardeais – Norte e Sul, Leste e Oeste.  Esses pontos oferecem uma visão geral dos quatro principais territórios homiléticos existentes.  No Leste e no Oeste estão dois polos homiléticos: o processo dedutivo e o processo indutivo.  Eles têm a ver sobre a origem da pregação e a sua finalidade.  O sermão dedutivo tem o objetivo de levar o ouvinte a se submeter em fé a um Deus transcendente que se revela, cuja  revelação é a verdade suprema.  Já o sermão indutivo está preocupado com soluções; seu objetivo é ajudar o ouvinte a encontrar caminhos divinos para resolver problemas do cotidiano e a responder a necessidades particulares.

Os pontos Norte e Sul são, respectivamente, cognição e afeição.  Eles determinaram  como o sermão será estruturado para alcançar o seu objetivo.  O sermão cognitivo procura explicar os conceitos e ideias através da razão e da lógica, a fim de que o ouvinte chegue a um determinado nível de compreensão.  Já o sermão afetivo quer levar o ouvinte a uma experiência a respeito do conteúdo que é oferecido pela mensagem.

O objetivo principal na terra dos sermões cognitivos e dedutivos é a  proclamação.  O pregador leva o ouvinte a escutar e a se submeter à vontade de Deus em sua vida de fé.  A chave para esses tipos de sermões é a instrução na vontade de Deus.

Já os sermões afetivos e indutivos têm como foco principal a persuasão.  O pregador usa  narrativas, imagens e outros recursos persuasivos para levar o ouvinte a uma vida de submissão a Deus.  O fator crítico desses sermões é a motivação para inspirar os ouvintes a resolver seus problemas.  Embora todo pregador sempre esteja preocupado coma proclamação, instrução, persuasão e motivação, cada sermão terá um foco diferente, dependendo de onde se localiza (“habita”) no território homilético.

As pessoas tendem a habitar em territórios onde se sentem melhor.  Ouvintes que apreciam histórias tendem a viver em territórios indutivos e afetivos.  Mas eles também podem viver em outro território por razões teológicas.  É o caso daqueles que julgam que a submissão a Deus pela fé é um valor maior do que a busca de soluções para seus problemas cotidianos.  Outros habitam em algum território por simples hábito, porque foram criados nele.  Como o mapa homilético é feito de modelos, as fronteiras não estão fechadas.  O pregador ou o ouvinte pode residir em um território, mas também se sentir confortável no outro lado da fronteira.

Segundo Anderson, na terra dos sermões DedCog (Dedutivo-Cognitivo) residem os sermões declarativos.  Eles são utilizados por pastores que valorizam abordagens tradicionais na exegese bíblica.  Os pregadores e ouvintes desses sermões não querem “perder tempo” contando e ouvindo muitas histórias.  Os Dedcogianos são observadores e pensadores.

Já no território CogInd (Cognitivo-Indutivo) se encontram os sermões pragmáticos.  Através do texto bíblico, eles procuram resolver os problemas dos ouvintes.  Os Cogindianos são fazedores e pensadores.

Na terra dos pregadores IndAfe (Indutivo-Afetivo) moram os sermões narrativos.  Os pregadores  atuam como contadores de histórias.  Os Indafianos são fazedores e “sentidores”.  Já na terra dos sermões AfeDed (Afetivo-Dedutivo), os pregadores costumam pregar sermões visionários.  Tendo como inspiração os artistas, eles “pintam quadros” para motivar seus ouvintes a responder à verdade.  Os Afededianos são observadores e “sentidores”. 

Como nos territórios reais, as pessoas que vivem nos territórios homiléticos podem ser bairristas.  Os Indafianos, por exemplo, podem se sentir superiores – ou inferiores – aos Decogianos.  Mas um território não anula a existência do outro. Ao contrário  coexistem como vizinhos e não disputam o mesmo território.  Além disso, as fronteiras estão abertas.  Com certeza, a pregação cristã deve encorajar os ouvintes a se submeterem à vontade de Deus.  Mas isso não significa que a Palavra de Deus não tenha nada a dizer em relação aos problemas humanos.  De igual forma, segundo Anderson, seria tão válido explicar como experimentar a verdade da Palavra de Deus.  O fato é que um bom sermão é aquele que comunica a Palavra de Deus, de modo relevante, para ouvintes de diferentes territórios.

A partir dessa fundamentação inicial, Anderson aponta para quatro  estruturas básicas de sermões (além de uma quinta, como veremos), das quais podem derivar várias outras.  A seguir, apresento uma síntese de cada uma delas.[iii]

 1. O Sermão Declarativo

É composto de argumentos.  Como um advogado que defende uma causa, o pregador apresenta os fatos de forma ordenada e da maneira mais convincente possível.  Essa estrutura dominou boa parte dos modelos homiléticos no século 20 (e ainda domina em muitos círculos religiosos, especialmente os mais tradicionais).

Esse tipo de sermão é dedutivo em sua orientação, sendo antes uma apresentação de ideias prontas pelo pregador do que a descoberta delas pelos ouvintes.  Ele é mais cognitivo em sua forma, já que seu apelo é mais lógico do que emocional.  Ele surge, segundo Anderson,

 da ideia de que o ouvinte escuta o sermão assim como ele é apresentado.  Esse tipo de sermão é aceito como sendo uma palavra da parte de Deus que todos devem obedecer.  Ele tem apelo para os ouvintes que apreciam argumentos e respeitam a verdade objetiva.  Pregar um sermão declarativo significa instruir os ouvintes no caminho em que devem andar.  A principal preocupação é que o sermão seja claro, pois a mensagem precisa ser compreendida.  Se a mensagem é vista como lógica e verdadeira, ela será inerentemente persuasiva. Abordagens criativas para a apresentação não são estritamente necessárias.  O Espírito Santo irá operar poderosamente para aplicar a verdade assim como ela é oferecida.[iv]

 O Sermão Declarativo tem uma estrutura relativamente simples.  Após a introdução, o tema é desenvolvido por meio de múltiplos pontos até o desfecho ou conclusão.  Os pontos do sermão são as razões ou premissas que, combinadas, devem produzir uma sólida argumentação.  Tais  pontos podem ser ilustrados e devem ser aplicados.  O fluxo dos vários elementos da estrutura é determinado por transições.

Devido à natureza dessa estrutura, o pregador costuma escrever todo o sermão.  Alguns utilizam o manuscrito no púlpito , enquanto outros preferem usar apenas algumas anotações.  Poucos se arriscam a pregar livremente.

2. O Sermão Pragmático

A  estrutura pragmática de sermão começou a popularizar-se,  nos Estados Unidos,  nas últimas décadas do século 20.  Neste modelo, a pregação  segue os passos de um detetive que tenciona resolver um caso policial ou descobrir um mistério:  “Como um detetive, o pregador pragmático atua para decifrar mistérios para os ouvintes.”[v]  O sermão começa com uma necessidade do ouvinte, conduzindo-o para uma solução. A mensagem ganha um caráter indutivo, a saber, começa com informações isoladas em busca de um sentido geral.  São comuns, na pregação pragmática,  temas como desemprego, problemas de relacionamento, incertezas espirituais, entre outros.  Os sermões podem ter títulos como “5 maneiras de…”, ou “7 leis espirituais para…” ou “Como ter sucesso na vida espiritual”.  A estrutura  como no sermão declarativo,  cognitiva, pois está focada no conhecimento.  O pressuposto é simples: se o ouvinte puder aprender a pensar corretamente, então ele também poderá viver corretamente.

Sermões não são peças de ficção.  Quando pregamos, estamos falando sobre os nossos problemas, os mistérios que nos afligem.   O processo nos envolve porque desejamos compreender as soluções que Deus tem para as nossas questões.  Quando o sermão termina, somos nós os que podemos viver felizes segundo a verdade que nos foi mostrada.  Tendo ouvido a voz de Deus, somos capazes de sair e realizar o que ele disse.  É o nosso mundo que estava quebrado e o nosso mundo que foi consertado – pelo menos,  em certa medida.[vi]

 Como se pode notar, a ênfase primordial do sermão pragmático está na agenda do ouvinte.  Comparado ao sermão declarativo, ele percorre o caminho inverso:  começa na aplicação e retrocede para os princípios cognitivos que motivam a mudança requerida.  O pregador precisa ser um bom intérprete da realidade na qual vivem os ouvintes – e, talvez, ele próprio.  Eventualmente, a percepção da necessidade humana pode aflorar de um texto bíblico.  De qualquer forma, as “pistas” para resolver o “mistério” estão nas Escrituras.  O pregador usa a Palavra para encontrar orientações específicas para a questão em foco.

3. O Sermão Narrativo

O chamado sermão narrativo tem a sua origem na Nova Homilética dos anos 70 do século 20.  Nesse modelo, o pregador constrói a sua mensagem como narração de uma história.  A mensagem não segue uma estrutura linear, mas apresenta uma sucessão de “cenas” que vão compondo a narrativa.  A história é o elemento formativo do sermão, e não meramente coadjuvante.  No sermão tradicional, as ilustrações kwefjkqeweram utilizadas para dar um caráter pictórico a determinada proposição. No sermão narrativo, a história é central ou essencial.[vii]

Esse tipo de estrutura é, por natureza, indutiva, pois a descoberta das verdades normalmente emerge de imagens e experiências de vida.  A história permite que o ouvinte se envolva intelectual e emocionalmente no desenrolar do enredo e, consequentemente, na “descoberta” da verdade. 

Os pregadores narrativos normalmente iniciam o sermão com um texto bíblico, no qual identificam o seu foco.  Todavia, esse texto não precisa ser de caráter narrativo.  Segundo Anderson, “todo o texto na Escritura oferece uma história, pois cada parte da Bíblia é ambientada em história humana real.  A Bíblia é sobre pessoas.  Ela não é um documento abstrato.”[viii]

A narrativa, no entanto, não precisa ser necessariamente uma reprodução exata da história bíblica.  Eventualmente, um episódio bíblico pode ser recontado em um contexto atual ou, ainda, uma história contemporânea pode ser utilizada para apresentar um conteúdo bíblico.

O sermão narrativo também precisa concluir com uma aplicação.  Ao contrário do que ocorre em sermões de estrutura cognitiva, que requerem aplicações concretas da verdade proclamada, a aplicação, no modelo narrativo, é feita em termos descritivos da vida do ouvinte.  A história do ouvinte, não a aplicação de um conhecimento adquirido, está em foco no sermão narrativo.  A aplicação é a história dele – na medida em que a narrativa bíblica é também a narrativa de sua própria vida –  encorajando-o a agir de acordo com a vontade de Deus.  É o ouvinte que, em sua vida, dá prosseguimento ou conclui a narrativa.

 4. O Sermão Visionário

A quarta estrutura de sermão é a que Anderson chama de “visionária”.  É o sermão que “pinta um quadro” da verdade através das palavras.  Ele explica a imagem da pintura aplicada ao pregador visionário da seguinte maneira:

 Como um pintor, o pregador visionário vive na intersecção da dedução e da afeição.  Ele vem e apresenta ao ouvinte uma ideia principal, uma mensagem que irá mudar a sua vida.  Ao contrário do pregador declarativo, contudo, esse pregador escolhe comunicar a sua mensagem por meio de uma poderosa visão de um futuro alterado sob o senhorio de Deus.  Ele pinta um quadro que conduzirá o ouvinte-expectador  à compreensão da mensagem.  Tendo sido exposto à visão, o ouvinte precisa lidar com o que viu.[ix]

 O sermão visionário procura se enquadrar em um ambiente social pós-moderno.  Por isso, tenta levar a voz de Deus aos ouvintes através de uma atmosfera multissensorial.  Palavras ainda estão presentes, mas o ouvinte é levado a uma experiência que vai além da mera recepção auditiva.  O pregador procura utilizar uma série de veículos como testemunhos, artes visuais, silêncios, objetos, cheiros e até mesmo expressões tácteis.

A “pintura” é planejada e preparada em um estilo dedutivo.  Um texto bíblico precisa ser escolhido e compreendido.  A ideia principal precisa ser encontrada.  Todavia, o objetivo não é formular uma série de proposições, mas “expor” o ouvinte a um processo de resposta e interação.  A função do pregador, segundo Anderson,  seria mais a de criar maneiras para liberar a voz de Deus, e não tanto a de agir como portador dela.  O pregador, por assim dizer,  é o portador  que empresta sua própria voz à proclamação da Palavra de Deus.  A pregação, como anúncio da Lei e do Evangelho, é um chamado ao arrependimento e à fé que o próprio Deus dirige ao ouvinte pela instrumentalidade da voz do pregador.

O formato  visionário oferece formas tangíveis para que o ouvinte possa responder de forma ativa.  “O final do sermão deve oferecer uma visão do que como a vida pode parecer agora que vimos um quadro do que Deus quer. Agora sabemos o que iremos fazer.”[x]  O ouvinte foi exposto ao chamado de Deus, ao qual deve responder com arrependimento e fé, com apego à palavra de consolo, com obediência aos mandamentos de Deus, como frutos de arrependimento, conforme o conteúdo do texto bíblico e da respectiva pregação.

 5. O Sermão Integrativo

O mapeamento homilético sugerido por Anderson inclui, além das quatro estruturas primárias vistas acima, uma quinta estrutura que reúne todas em um só modelo – o integrativo.

O sermão integrativo é tanto dedutivo como indutivo e apela tanto para a cognição como para a afeição.  Segundo Anderson, “o seu foco não é um determinado grupo de pessoas, mas espera oferecer algo para cada pessoa, em sua dimensão integral. É uma forma holística de pregação, que fala à pessoa toda ao mesmo tempo.”[xi]

A fim de explicar o seu modelo, Anderson o compara ao contexto musical:

 Na música, um meio afetivo (a música) é dado de forma dedutiva (a composição), a fim de expressar ideias cognitivas (a letra) por meio de expressão indutiva (a execução).  O Sermão Integrativo combina esses elementos para produzir uma pregação que combina um argumento lógico (cognição-dedução), um mistério subjacente (cognição-indução), uma história humana (indução-afeição) e uma visão motivadora (afeição-dedução).[xii]

 Tais elementos,  que compõem a pregação integrativa,  podem ser explicados, de maneira sucinta, como segue: – O “argumento lógico” se refere ao conteúdo intelectual que é sugerido pelo texto bíblico.  O sermão deve comunicar a verdade pretendida pela Palavra de Deus nessa passagem bíblica específica.

– O “mistério subjacente” é o contexto no qual o ouvinte tenta alinhar suas pressuposições com a verdade de Deus.  Por “mistério” deve-se entender o que o ouvinte ainda não conhece ou compreende.  Essa “apropriação” da verdade de Deus precisa ocorrer, pois ideias sem dono são meras abstrações.

– A “história humana” se refere ao momento do sermão em que acontece a experiência de vidas que estão entrando “em termos” com Deus através da sua Palavra.  É a “personalização” do texto bíblico, que pode estar tanto nas Escrituras como em meio à multidão.  “A Pregação Integrativa irá ganhar vida e poder na medida em que a mantemos em seu contexto humano inerente.  A Bíblia é pessoa, não estéril. É um documento vivo sobre pessoas reais e a vida real.  Assim precisa ser a nossa pregação.”[xiii]

A “visão motivadora” é o momento em que o pregador motiva o ouvinte em direção ao propósito de Deus para a sua vida.  É a tradicional “aplicação” do sermão. 


[i] Anderson, Kenton C. “Mapping the Landscape of Preaching Today”. Disponível em: >http://www.preaching.org/features/display_feature/16<  Acessado em: 2 jan 2007.
[ii] Segundo Anderson, na história da pregação sempre foram elaborados “mapas” homiléticos.  Um dos mais conhecidos é o mapa proposto por John Albert Broadus, em 1870, dividindo os tipos de sermões existentes entre “textuais”, “tópicos”, “textuais-tópicos” e “expositivos” (ou “expositórios”).  Estes formatos dominaram o cenário da pregação e ainda resistem aos ventos de hoje.  Boa parte das pregações cristãs está baseada nestes modelos, ainda que com algumas inovações.
[iii] Anderson, Kenton C. Choosing to Preach A Comprehensive introduction to sermon options and Structures.  Grand Rapids: Zondervan, 2006.Verifique especialmente a segunda parte – Structures, pp. 127-261. Nesse  livro, o autor apresenta mais detalhadamente o mapa homilético referido no artigo (ver nota 7, acima.
[iv] Ibid., pp. 139, 140.
[v] Ibid., p. 161.
[vi] Ibid., p. 163.
[vii] Veja o Capítulo 25.  Veja,  no Capitulo 9, informações sobre a estrutura básica de uma história.  Veja também os Capítulos 13 e 14 para mais detalhes sobre o sermão com estrutura narrativa.
[viii] Anderson, Choosing to Preach, p. 198.
[ix] Ibid., p. 219.
[x] Ibid., p. 227.
[xi] Ibid., pp. 235, 236.
[xii] Ibid., pp. 242, 243.
[xiii] Ibid., p. 249.

> Livro 17: Pregação Expositiva

Dica de leitura 03

Poucos livros sobre homilética ou pregação são publicados por autores brasileiros – e poucos são traduzidos.  Uma tradução antiga o livro Pregação Expositiva sem Anotações, de Charles W. Koller.  O original inglês é de 1962.  A tradução portuguesa é de 1984 (primeira edição).  A editora é a Mundo Cristão.

Como o título deixa claro, o foco principal do autor é a pregação de formatação expositiva.  O sermão expositivo é aquele no qual um texto bíblico (isto é, uma perícope ou conjunto de versículos) é analisado e aplicado em detalhes, a partir de uma ideia central, derivada do próprio texto.  Normalmente, a porção da Escritura é mais extensa do que no sermão textual.  Dentro dessa estruturação, existe uma progressão natural na exposição dos versículos.  De certo modo, pode ser comparado a um estudo ou comentário bíblico.

O livro é essencialmente um manual homilético.  Além da fundamentação sobre o lugar da pregação na Igreja Cristã, o autor oferece orientações para os diferentes passos na elaboração do sermão – do texto bíblico à entrega: estudo do texto, estruturação da mensagem, estilo, etc.

No último capítulo, Koller dá dicas para o pregador fazer o “fichamento” de conteúdos que podem ser recuperados no futuro.  E conclui o livro com um apêndice no qual apresenta um sermão expositivo completo.

> Livro 16: Pregação narrativa

Dica de leitura 03

“O desafio da pregação contemporânea é embalar a mensagem [bíblica] que mantem a atenção e toque os corações dos que a ouvem – e, ao mesmo tempo, oferecer substância bíblica.”  Esta é uma das “chamadas” de capa do livro Preaching – The Art of Narrative Exposition, de Calvin Miller, publicado em 2006 pela Baker Books, dos EUA. São 386 páginas. 

ImagemO autor faleceu em agosto de 2012, aos 75 anos.  Membro da Igreja Batista, foi um professor, autor, conferencista de renome nos EUA.  Escreveu mais de 30 livros. Vários deles foram de “inspiração”,  poemas e romances de fundo religioso, especialmente a aclamada trilogia The Singer, na qual reconta a história de Jesus de forma alegórica e poética.  

Miller atuou como pastor, professor e autor.  Seu livro Preaching – The Art of Narrative Exposition (Baker Books, 2006, 286 págs.) logo se tornou um sucesso de vendas e amplamente reconhecido pela crítica especializada em homilética.

A ideia por detrás do livro é que a pregação cristã deve seguir o “método” bíblico: que seja narrativa e expositiva (como fica claro no subtítulo).  Todavia, boa parte dos princípios homiléticos abordados por Miller também se aplicam a outras formatações.

O livro pode ser considerado um manual homilético, embora não detalhado.  Na primeira parte, o foco é a exegese do texto bíblico.  Na segunda parte, o autor lida com a “montagem” do sermão.  E na terceira parte ele aborda a “entrega” da mensagem. 

Nota: O autor traz dois “apêndices” que somam a cerca de cinco dezenas de páginas – o que certamente não é comum.  Todavia, são úteis.  Primeiro, ele apresenta um posfácio, no qual recupera o seu livro Spirit, Word, and Story (Espírito, Palavra e História).  É uma síntese deste livro.  Já em um apêndice propriamente dito, Miller apresenta resenhas de alguns livros sobre homilética que se tornaram clássicos. 

Veja também o post https://creativando.wordpress.com/2013/01/12/livro-09-comunicando-a-palavra-na-primeira-pessoa/

> A base da pregação cristã

Pregação trechos

Você normalmente prega tendo como base apenas um texto bíblico?  Na pregação dita tradicional, essa é a “regra”.  Mas nada impede que você também exercite a sua criatividade de proclamar a criativa Palavra de Deus através uso de múltiplos textos, ou pela justaposição de textos.  

O uso de múltiplos textos ou de textos justapostos na pregação pode, a princípio, parecer estranho se você está acostumado a utilizar apenas um texto.  Mas este recurso homilético apresenta características interessantes e que podem resultar, com a prática,  em abordagens criativas e variadas.  O tratamento dialético imposto pela da presença de dois ou mais textos pode resultar em uma nova ideia, que poderia não surgir de outra forma.