> Livro 12: Pregação experimental

Dica de leitura 03

A história da Homilética ou da pregação começou a dar uma forte guinada na década de 1970.  Foi nesta época que começou a surgiu o que ficou conhecido como “a nova homilética”.

ImagemUma das bandeiras deste “movimento” era a variedade na formatação dos sermões – até então largamente baseados na retórica greco-romana.  Uma das primeiras coletâneas desses novos formatos apareceu no livro Pregação Experimental, publicado em 1973.[i]

Na apresentação, o editor, John Killinger, justifica a coletânea dizendo que, quando um sermão de domingo de manhã é uma cópia de outro sermão, que por sua vez é uma cópia de outro sermão, é tempo de mudança.  Para ele, as formas experimentais na pregação na verdade não eram nada realmente novo, pois sempre houve experimentação entre os pregadores. Em todas as épocas, houve inventividade: os atos simbólicos de Jeremias, a exposição bíblica de Orígenes, o methodus heroica (ou anúncio da palavra de Deus revestido de autoridade apostólica) de Martinho Lutero, etc.

O livro oferece cerca de duas dezenas de exemplos (sermões ou esboços) que são uma amostra da mudança de paradigmas homiléticos que estava em curso na época.  Os títulos dão uma ideia da “experimentação”: “2001: a Igreja revisitada”; “A parábola ‘Detroit’”; “As cores do culto”; “Jesus demais”.

Killinger, John, ed.  Experimental Preaching. Nashville: Abingdon Press, 1973. Killenger publicou um segundo volume dois anos mais tarde: The 11 O’Clock News & Other Experimental Sermons. Nashville: Abingdon Press, 1975.

> O exercício da imaginação

” O primeiro passo para um ministério mais criativo é agradecer a Deus por lhe dar uma imaCre 01ginação e pedir que ele lhe ajude a exercitar essa imaginação para que ela seja usada pelo Espírito como uma força criativa em sua vida. A cada manhã, em meu momento particular de devoção, eu coloco diante de Deus o meu corpo, a mente, a vontade, o coração, e a imaginação (Rm 12.1,2) e peço a ele que me use para ser um transformador e não um conformador,  um criador, e não um destruidor.  Estudando, pregando, escrevendo, aconselhando ou conversando com amigos, eu quero que a minha imaginação me enriqueça e me ajude a ter o discernimento para ministrar o melhor que posso.”[i]
[i]
Wierbse, Preaching & Teaching with Imagination, pp. 290, 291.

> Livro 07: Deus tem algum problema de comunicação?

Dica de leitura 03

É o que parece sugerir Chester Pennington, em seu livro God has Communication Problem – Creative Preaching Today.  Ele foi publicado em 1976 pela editora Hawthorn Books, de Nova York.
Este livro é emblemático porque, na época em que foi escrito, estavam começando a “fervilhar” questões que até anos antes não recebiam grande atenção dos teóricos da homilética, especialmente o sermão como um evento criativo e comunicativo (aliás, assunto não “resolvido” até hoje em certos51RIFRD761L._SL500_ ambientes acadêmicos).
O que Pennington propõe em seu livro nunca antes havia sido feito com tal argumentação e detalhamento.  Por esta razão, em meu juízo, ele é um dos maiores, se não o maior, marco a transição em termos teóricos na área de homilética que aconteceu especialmente nos anos 1980.
A homilética – ou a pregação, em sentido amplo – não acontece em um vácuo.  Se a pregação é a contextualização da Palavra de Deus para o ouvinte de hoje, naturalmente ela precisa ter a percepção de qual é o seu “público-alvo”, para ampliar sua eficácia em termos de comunicação.
O autor inicia o livro afirmando a centralidade da pregação na vida da Igreja – na verdade, o compartilhamento da Palavra de Deus para crentes e descrentes.  (Daí a sugestão do termo “comunicação”, pois traz em sua origem o sentido de “tornar comum”, “compartilhar”.)
A partir do segundo bloco, ele inicia sua “revolução” (lembre-se da data de publicação!), abordando a pregação como um evento comunicativo e, em seguida, como um evento criativo.
Para Pennington, as teorias da comunicação podem ser importantes aliados da pregação. Por esta razão, ele dedica um capítulo (oito) apenas para analisar a pregação como uma instância de comunicação.  Alguns dos temas tratados são: Pregação e informação; Pregação e credibilidade; Pregação e recepção.
O “problema” de comunicação de Deus pode ser o pregador.  Por esta razão, ele precisa sempre buscar os meios para ser um melhor comunicador do Evangelho.

Trecho: “Podem existir diversas razões porque deixamos a igreja sem um sentido claro sobre o que o pregador quis dizer.  Uma é que os próprios pregadores podem não terem tido certeza do que queriam dizer.  Alguns sermões que ouço me convencem que o pregador não definiu claramente o propósito e o tema… Uma comunicação eficaz requer um propósito claramente indicado.  E isto, por sua vez, requer o trabalho cuidadoso do pregador.” (pág. 65)

> Ajudando a “ver”

Pregação trechos

“Assim, na pregação, a imaginação pode ser vista como a faculdade de criar experiências sensórias a fim de auxiliar o pregador a “projetar-se para dentro da experiência de outros e… ajudá-los a colocar a verdade em imagens que… podem ver, até sentir”.[i]  Isso sugere a ação de encarnar ideias abstratas em imagens, figuras, narrativas, em realidade concreta – para utilizar a figura bíblica: o Verbo (a Palavra) se fez carne.  É colocar a verdade em imagens que transformam os ouvidos em olhos.”

[i] Luccok, Halford E. In the Minister’s Workshop. Nashville: Abingdon, 1954, p. 113. McCullough, Donald W., Novel Insights: Truth is Stronger With Fiction, Leadership, Primavera, 1990, pp. 34-36, diz: “Se você quer que as pessoas escutem, ajude-as a verem”.

> Livros 02

Dica de leitura 03

Alyce M. McKenzie é uma teóloga norte-americana que atua especialmente na área da educação de comunicadores da Palavra de Deus – como pregadores ou professores de ensino religioso.  Seus escritos giram basicamente em torno de dois eixos: “sabedoria” (sapiência – como o livro de Provérbios, do Antigo Testamento) e criatividade na proclamação da Escritura.
Seu último livro, Novel Preaching, de 2010, mostra como os pregadores podem aprender a comunicar a Palavra usando técnicas de escritores de romances.

Esta abordagem não é nova. Um dos pioneiros no uso da literatura secular como “fonte de inspiração” foi o teóloge5ec923f8da019a154b7a010.Lo luterano Francis Rossow, professor de homilética durante muitos anos no Concordia Seminary de Saint Louis, Missouri, Eua.  Todavia, a autora traz dicas importantes para pregadores, especialmente.

Mas indo ao que importa: Na Dica de Leitura de hoje, um livro da teóloga para pregadores e professores (infelizmente, apenas em inglês): Hear and be wise – Becoming a preacher and teacher of wisdom. (Ouça e seja sábio – Tornando-se um pregador e professor sábio – ou de sabedoria). Foi publicado em 2004 pela Abingdon Press, dos EUA.
Segundo Alyce, um dos papeis pastorais que muitas vezes é relegado a um segundo plano é o de ser um “ensinador sábio”, que é capaz de fazer com que seus ouvintes “ouçam e sejam sábios”.  Ela indica quatro qualidades que ajudam para que isto possa acontecer: joelhos dobrados (oração), coração aberto (ouvinte), mente aberta e voz corajosa.
Ao desdobrar estas qualidades, a autora coloca quatro ingredientes que julga importantes na proclamação da Palavra:
a) O emprego do sensorial – replicando a vida humana – por meio de imagens, metáforas, histórias conectadas com as emoções e o intelecto das pessoas.
b) O uso de experiências na primeira pessoa, mas sem apelo narcisista.
c) O ensino sem chatice.
d) A abordagem de questões controversas – sem defensividade e abertura para o diálogo.

Nas 208 páginas do livro, a autora, além da teoria, traz um bom número de exemplos. O livro bíblico bíblico de Provérbios é um referencial recorrente, tanto em termos teóricos como práticos.  Os recursos de  ensinos de Jesus também aparecem com frequência.

> Isto é imaginação…

Pregação trechos“Isto é imaginação: a capacidade de ver a grama crescer, de sentir a dor de dente de uma criança, tremer com a queda de um pássaro, extasiar-se com o entardecer avermelhado, ficar tão absorvido na música ao ponto de quase deixar de respirar, agonizar com Jeremias por verdades frustradas pelas circunstâncias, ficar com Davi debaixo de bálsamos e ouvir Deus passando, e cantar com João no exílio, com milhares e milhares e milhares, que digno é o Cordeiro.” (White, R. E. O. A Guide to Preaching. Grand Rapids: Eerdmans, 1973, p. 170.)

Linguagem denotativa e conotativa

Quando escrevemos ou falamos, valemo-nos do significado das palavras para expressar nossas idéias. Se quisermos ser objetivos no que redigimos ou falamos, precisamos utilizar uma linguagem denotativa, cujo significado real está no dicionário. É a palavra empregada na sua significação usual, literal, referindo-se a uma realidade concreta ou imaginária. Agora, se quisermos evocar idéias através da emoção ou subjetividade, temos a conotação, que corresponde a uma transferência do significado usual para um sentido figurado. Quando isso acontece, as figuras enriquecem o texto ou discurso. Sem elas, a comunicação fica, digamos, pobre, árida, sem vida. “Quanto mais dramática e não-usual a comparação, mais vívida a imagem que é evocada. Além disso, quanto mais interessante a comparação, mais vívida a imagem.” (djj)

Comunhão criativa

Outra fonte necessária para o cultivo da imaginação é a comunhão criativa com outras pessoas, de dentro e de fora da Igreja. Wierbse chama essa comunhão de “experiência”. O pregador

precisa mesclar o aprendizado com o viver, a biblioteca com o mercado público. Ele precisa estar entre o seu povo, com os publicanos e pecadores e com os pregadores e santos… O pregador que tem toda a verdade escrita em páginas de um caderno precisa de uma comunhão como essa para ajudá-lo a transformar alguns dos seus pontos em vírgulas e, quem sabe, alguns dos seus pontos de exclamação em pontos de interrogação.
(djj)

Elementos sensórios no gênero narrativo

d) Use elementos sensórios. Eles ajudam os ouvintes a liberarem a imaginação e a “verem”. Imagine um repórter de rádio transmitindo ao vivo um incêndio em um prédio ou um locutor narrando uma partida de futebol. Um bom exemplo de como isso é feito é tentar ouvir as antigas novelas de rádio (algumas estão disponíveis, mesmo que parcialmente, em sites da internet). Os roteiros eram escritos para despertar a imaginação dos ouvintes, fazê-los “ver” as cenas. Outra possibilidade, porém bem mais limitada, é olhar parte de uma novela da televisão ou um filme com os olhos fechados e tentar imaginar os elementos sensórios que estão presentes.
Tente fazer uma projeção mental em uma tela invisível (ou na parede atrás dos ouvintes) dos elementos visuais da mensagem. “Veja a situação; sinta as emoções apropriadas de todos os personagens envolvidos; e reproduza suas falas, deixando a sua voz naturalmente seguir as sombras dos sentimentos de cada um. Isso irá adicionar vida e vitalidade à história.”
(djj)

A imaginação que leva à criatividade

A imaginação precisa ser alimentada para que possa ser desenvolvida e aprimorada. Como o pregador é um comunicador e tem em suas mãos uma mensagem vital, de Deus, ele precisa estar sempre pronto cultivar hábitos que favoreçam a sua criatividade comunicativa. O estudo exegético é uma das ferramentas necessárias. Mas o resultado dele é um diamante a ser polido para que possa ser apresentado em toda a sua beleza. A comunicação eficaz é aprendida tendo como referência, por exemplo, autores de contos e romances, roteiristas e diretores de filmes, redatores e diretores de arte de agências de publicidade. A imaginação que leva à criatividade no uso dos recursos comunicativos emerge dessas e de outras fontes todos os dias. Wierbse comenta: “O pregador que apenas lê os livros aprovados e nunca encara a verdade em vários frentes, terá dificuldade em desenvolver a sua imaginação.”

Imaginação e preparação

A fusão da linguagem poderosa e criativa de Deus com a linguagem humana, com todo o seu potencial criador, é o que caracteriza, em termos gerais, o sermão. Deus opera, cria através da sua Palavra, a qual é proclamada de forma criativa, encarnacional.
O uso de uma linguagem concreta, encarnacional, ajuda os ouvintes, além de ouvirem, a verem, a sentirem. Ela faz com que a mensagem ganhe contorno, textura, cor. Isso ajuda o pregador a se projetar na experiência dos ouvintes e a colocar a verdade em imagens que as pessoas possam captar melhor e a mensagem durar mais em suas mentes. Ela procura expressar da maneira mais vívida possível a nossa experiência da presença e do poder de Deus.
Apesar da importância da imaginação para que os ouvintes sejam ajudados a “ver” a verdade, isto não significa que você seja isentado de todo o trabalho lógico envolvido processo do evento-sermão. O uso imagético não pode ser considerado um escape de uma preparação disciplinada do sermão. Na verdade, o uso da imaginação é um elemento que deve se somar a essa preparação.
Além disso, convém lembrar que em existem momentos em que há necessidade de se utilizar um argumento de uma forma clara e direta. Ou seja, nem sempre o uso imagético é o mais indicado. O seu bom senso e a sua criatividade devem determinar a ênfase adequada.
(djj)

A atitude dialógica de Jesus

Jesus teve uma postura dialógica. Ele procurava envolver seus ouvintes através de uma atitude indutiva. Ele fazia perguntas e fazia as pessoas pensarem, tirarem suas próprias conclusões, e com isso as levava gradativa e sugestivamente de um estágio de aprendizagem ao outro. O Mestre não forçava o entendimento dos ouvintes com uma série de proposições e respostas prontas, mas gentilmente os guiava, ensinava, treinava. Sua intenção era que eles tivessem uma participação ativa, imaginativa.
Ao invés de subir em um púlpito (para citar uma facilidade comum hoje em dia) para pregar – e com isso determinando o tema da mensagem –, Jesus permitia que as pessoas entrassem em diálogo com ele. Cerca de cinqüenta por cento dos encontros com interlocutores registrados nos Evangelhos foram iniciados por ouvintes.
A atitude dialógica de Jesus tem seu impacto ampliado pelo fato de Jesus fazer uso intenso do “banco de memórias” dos seus ouvintes. Através de referência direta ou analogia, ele se conectou com eles usando sal e lâmpadas, pastores e ovelhas, patrões e empregados, videiras e figueiras, ricos e pobres. Ele falou sobre adultério, raiva, avareza, honestidade, alegria, casamento, dinheiro, sexo, impostos, eternidade, fé.
(djj)

Imaginando…

“Isto é imaginação: a capacidade de ver a grama crescer, de sentir a dor de dente de uma criança, tremer com a queda de um pássaro, extasiar-se com por entardecer avermelhado, ficar tão absorvido na música ao ponto de quase deixar de respirar, agonizar com Jeremias por verdades frustradas pelas circunstâncias, ficar com Davi debaixo de bálsamos e ouvir Deus passando, e cantar com João no exílio, com milhares e milhares e milhares que digno é o Cordeiro.” (White, R. E. O. A Guide to Preaching. Grand Rapids: Eerdmans, 1973, p. 170.)

Criados para a criatividade

Como se nota, para o pregador a imaginação vai muito além de técnicas do tipo “20 maneiras de ser mais criativo”.  Deus concede o dom da imaginação não apenas para elaborar títulos provocativos ou desenvolver ilustrações cativantes.  O uso de certos recursos com o fim da criatividade pode ser apenas uma ação cosmética. O que o pregador deve procurar desenvolver uma postura, um jeito de ser imaginativo de ser. Esse, por sua vez, afeta não só a sua pregação, mas todo o seu ministério, e resulta em ações criativas.  Perguntado se é possível para o pregador desenvolver essa postura que leva à criatividade, Wiersbe respondeu:

 

Você e eu fomos criados à imagem de Deus para termos domínio sobre a criação. Em Adão, perdemos essa faculdade; mas em Cristo, podemos iniciar a experiência de uma “renovação da mente” que nos capacita a “reinar na vida” (Rm 5.17).  Eu acredito que essa “renovação” inclui o trabalho criativo da imaginação.  A coisa importante a ser lembrada é que essa criatividade no ministério cristão não é especialmente o resultado de fórmulas e técnicas. É o resultado de uma comunhão disciplinada com o Senhor que permite que o Espírito Santo opere em nossas mentes e em nossos corações.[i] (djj)


[i] Wierbse, preaching, 309.

A imaginação no sermão

White diz que, quando se pensa no propósito da imaginação na pregação, algumas pessoas pensam que isto significa decorar a mensagem com história ou poesia.  O sermão fica “embelezado”, mas esta “decoração” não tem função espiritual. A ênfase contemporânea no aspecto indutivo, encarnacional da pregação, todavia, tem auxiliado muito para diminuir esta suspeita negativa.  Para ele, sem imaginação, a verdade de eras passadas não seria aplicável hoje.  E mais: sem imaginação, a lógica, a clareza, a informação e a verdade de um sermão seriam um esforço inútil, pois o “carvão” continuaria sem ser aceso.  As idéias seriam inteligíveis, mas sem peso, significado ou interesse.[i] 

Kastner aponta para esta tensão, a importância do uso imaginativo e indica o caminho para o equilíbrio na pregação:

 

… não podemos reduzir a pregação e o uso de imagens a um exercício racional-cognitivo.  A compreensão contemporânea da mente humana nos adverte contra o uso da lógica e da razão como o mais importante e convincente modo de discurso em religião (em em quase tudo).  Ao mesmo tempo, nossa abordagem também requer que afirmemos uma dimensão cognitiva para o uso de imagens.  Nas imagens, nossos sentimentos e pensamentos se unem; eles encontram forma e expressão… As imagens possuem dimensões afetivas e cognitivas.  Quando fazemos perguntas sobre como melhor podemos pregar em com imagens, nos engajamos em uma empreitada que integra o intelecto e as emoções… Sabemos que apenas quando todas as dimensões da mentem atuam em conjunto a nossa pregação será eficaz em comunicar o Evangelho ao todo da pessoa.[ii] (djj)


[i] White 157, 160

[ii] Kastner, 48

A Palavra que se encarna

A palavra como sempre teve um papel primordial nas Escrituras. No Gênesis (Deus “disse”, “falou”) ela foi instrumento de criação. Deus falou de diversas maneiras, como através dos profetas.  E sempre, sua palavra foi poderosa. “Pois quando Deus fala, as suas palavras transmitem o seu poder.  Elas são atuais. Elas causam mudança.  Sua Palavra é ativa, criativa, re-criativa.”[i]

O ápice da palavra-evento de Deus aconteceu em Jesus de Nazaré.  A Palavra tomou forma, natureza humana.  Foi a manifestação mais perfeita de Deus.  E foi sua comunicação mais perfeita com a sua criatura. 

Em um primeiro momento, o Evangelho de Jesus é ele proclamando a si próprio e vivendo a sua própria história. Quicke comenta ele é a história na medida em que a Palavra se torna ser humano.  “Como Marshall McLuhan colocou em um diálogo com Pierre Babin: “Este é o único caso em que o meio e a mensagem são perfeitamente idênticos”.  Babin continua: “E ao explicar o termo mensagem, ele insistiu que não eras as palavras ditas por Cristo, mas o próprio Cristo…[ii]

A pregação é, de certa forma, uma continuação da encarnação de Deus.  Ele faz uso do suporte humano – pregador, linguagem – para que a sua Palavra se materialize nos que a ouvem e se transforme em atos concretos em suas ações.  A verdade e a experiência do Evangelho se concentram em Jesus, mas eles permanecem ativos na história humana, mesmo que as culturas mudem e a Boa-Nova seja ouvida de formas diferentes.  Por isso, a proclamação hoje da história atemporal de Deus é a tarefa básica de todos os pregadores, pois a humanidade depende dela para a sua salvação eterna. 

Kolbe escreve:

 

Todas as outras doutrinas ou ensinos sobre teoria política ou social, sobre valores estéticos ou morais, sobre verdades químicas ou biológicas devem permanecer como ensino sobre alguma coisa.  Somente o ensino da Palavra de Deus pode tomar o ser humano como seu objeto direto. O ensino cristão me dirige a mim e me requer; ele me transforma e re-cria.  Ele se preocupa com o que gostaríamos de saber sobre a vida, com certeza, e ele nos informa.  Mas ele também traz o verdadeiro poder de Deus – o poder de sua força perdoadora e criativa no cerne de nossa vida, e ele nos traz para o meio do poder perdoador e criativo de Deus.[iii] (djj)


[i] Kolb, speaking58

[ii] Quicke, 24

[iii] Kolk, 58